Sob os olhos do mundo

Cobrar pelo conteúdo online é um assunto que tem gerado polêmica no universo jornalístico quanto à sua real eficácia. E na última segunda-feira, 28, o jornal norte-americano, The New York Times, começou a cobrar pelo seu conteúdo digital, alimentando ainda mais essa discussão. Ele, que é considerado o site jornalístico mais visitado do mundo, está agora vigiado por especialistas da mídia que desejam saber se essa nova experiência vai dar certo.

Um dos argumentos usados por aqueles que apoiam a postura do Times é de que o jornalismo precisa ser mais valorizado e que muitos leitores estariam dispostos a fazer uma assinatura online, assim como já fazem no caso do jornal impresso. Por outro lado, os que condenam tal cobrança defendem que ela vai totalmente contra a ideologia moderna onde o digital está presente em quase todos os aspectos da vida.

Entre prós e contras, uma questão deve ser considerada: a adoção de um modelo de pagamento pelo conteúdo jornalístico na internet distancia um grupo de ter acesso a essas informações. Aqueles que praticamente já não têm acesso à internet terão menos ainda se tiverem que pagar por esse conteúdo. Além disso, existem aqueles que evitam pagar pelo que enxergam como desnecessário.

Se o modelo do Times for exemplo para outros veículos jornalísticos, a função do jornalismo como um serviço público pode ser afetada de alguma forma. Contudo, o fato de o jornal The New York Times estar sob os olhos do mundo faz com que essas discussões possam existir não só como uma crítica, mas como um meio de fazer a mudança acontecer, se for necessário.


Deborah Calixto







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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

1 comentários

  1. Não podemos ter ilusões a respeito do acesso à informação online. O próprio fato de ser "online" já impõe suas próprias barreiras, que são a posse e/ou o aluguel do equipamento eletrônico atualizado e da rede. A informação só é gratuita na internet depois da posse ou aluguel dessa infraestrutura. Como dizia o velho ditado norte-americano, "there's no free lunch". Por isso, não vejo a iniciativa do Times como uma barreira mais significativa à democratização do conhecimento do que outras que já estão por aí. Se vai dar certo ou não é outra história. O Times está jogando contra a cultura do internauta, que se acostumou a passear livremente pelos "campos" virtuais. Mas a aposta é interessante: aquela parcela diminuta que historicamente lia os jornais pode pagar, sim, por uma informação diferenciada e organizada - em meio ao caos da web. Resta saber se o Times vai conseguir atender a essa necessidade. Se sim, não vejo porque não dar certo.

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