Eu não costumo acompanhar novelas. Na verdade, não é nem muito comum se achar críticas de novelas por aí, a não ser que sejam em alguns sites de fofoca, celebridades, enfim. No entanto, achei digno falar da última novela das 7, Ti-ti-ti, que teve seu ‘the end’ no dia 19 de março.
Altos índices de audiência, sucesso entre o público e a mídia e realizar o extraordinário feito de fazer com que eu assistisse uma novela da Globo. Esse foi o resultado da trama de Maria Adelaide Amaral. Como ela conseguiu isso? Não aposte em sensualidade, apelação ou ‘quem matou Odete Roitman?’. O segredo foi um bom elenco e um bom diretor aliados a humor sem ser pastelão e romance sem ser enjoativo.
Quando uma emissora lança um remake de alguma novela antiga, todos já pensam ‘ Ixi, estão sem criatividade’ e, normalmente comprovamos o nosso pensamento ao longo do processo. Neste caso, foi ao contrário, a autora conseguiu juntar no mesmo novelo de lã a própria Ti-ti-ti de 1985, com Plumas e Paetês de 1980. E a amarração de Victor Valentim versus Jacques Leclair com o triângulo amoroso Marcela, Edgar e Renato, deu super certo, tanto que a novela ao invés de 185 capítulos como a primeira versão, teve seu fim aparecendo 209 vezes nos televisores brasileiros.
Comparando com antecedentes do horário onde só se via o protagonista sem camisa, e me arriscando a comparar, também, com as novelas das 9 que ultimamente andam complicadas de se assistir com a família reunida. Tititi mostrou que não é só sensualidade, traições ou assuntos polêmicos que chamam a atenção. Apesar de tratar de algo tão distante da realidade da maioria da população que é o mundo da moda, a novela conseguiu retratar de uma forma leve um outro lado da vida dos brasileiros, que é a busca pelo sucesso seja em qualquer profissão.
No bairro pobre do Belenzinho havia aspirantes a modelos, costureiras, gente que descobriu ser rico só depois de adulto, e o próprio protagonista Ariclenes (Murilo Benício). Sempre tentando mil e um bicos e negócios fracassados. Sendo sustentado pela ex-mulher, Ari passou poucas e boas até ter a sacada de inventar o Victor Valentim, grande rival de Jacques também saído do Belenzinho. E no último capítulo, ao contrário do que se esperava, nenhum deles chega a virar um grande estilista, eles se unem para que isso aconteça. Nenhum dos outros moradores do pequeno bairro de São Paulo alcança o topo do sucesso, mas todos dão o primeiro passo para a realização profissional e pessoal, com direito até a vilã ganhando um reality-show.
Outra fantasia alimentada pela maioria das novelas é a da pobre mocinha indefesa, e que por conseqüência, acaba ficando chata. Marcela, interpretada por Isis Valverde, foi pelo caminho inverso. Apesar de ter passado metade da novela na dúvida entre dois amores, um bom texto e uma boa interpretação fizeram de Marcela uma mulher divertida, inteligente e com muita garra. E até Caio Castro que já havia ganhado o público teve sua torcida atrapalhada por Guilherme Winter, já que até o último minuto nem a própria autora sabia com quem Marcela ia ficar.
E esse é o ponto. Mocinhas da vida real não são chatas, afinal, quem quer contar a história de alguém sem graça? Pessoas não ficam ricas da noite para o dia, muito menos em 8 meses, tempo de duração de uma novela. Nossos conflitos do dia-a-dia são resolvidos no decorrer do tempo e não fica tudo para o último capítulo. E na vida, nada é muito óbvio, e a surpresa é a graça. Apesar do exagero característico do humor, Tititi soube retratar o cotidiano de nossa sociedade. Então, fica a dica para as próximas novelas, porque com enredo e textos convincentes e inteligentes, todos saem ganhando, tanto o telespectador, quanto a emissora.
Pâmela Meireles
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Nada como um bom Ti-ti-ti
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