Pais de filhos únicos devem incentivar os filhos a fazerem amizades, diz especialista

Ceres é autora do livro
"Pais que educam: uma aventura inesquecível"
A diminuição no número de filhos por família é uma tendência mundial. No Brasil, de acordo com o IBGE, em 2008 a média estava em 1,8 filho nas famílias brasileiras. Mas optar por apenas um filho pode até exigir mais cuidados dos pais, para que ele não faça jus a adjetivos como mimado, egoísta, malcriado, solitário e tantos outros que se ouve falar quando se refere a filho único. Para falar um pouco mais sobre o tema, o ABJ Notícias entrevistou a psicóloga Ceres Alves de Araújo, especializada em psicoterapia de crianças e adolescentes. Ceres é mestre em psicologia clínica, doutora em distúrbios da comunicação humana e autora de vários livros, entre eles “Pais que educam: uma aventura inesquecível”

ABJ Notícias - Por que se diz que os filhos únicos são mimados e egoístas? Isso é uma verdade?
Ceres de Araújo - Não necessariamente. Uma vez que o filho único não tem com quem dividir a atenção dos pais, isso pode se perpetuar para outros espaços onde ele não seja único. Essa pode vir a ser uma dificuldade. Por este motivo, os pais devem cuidar para não mimar os filhos, pois, além disso, a criança pode receber mais pressão e ansiedade.

ABJN - É mais difícil, então, criar um único filho?
Ceres - Quando nasce um irmão, para a criança é um enorme presente. Ainda que ela vá ter ciúmes, o irmão representa um crescimento na socialização. Mas para quem tem somente um filho, os pais devem procurar se acercar de outras famílias que tenham crianças da mesma idade para que se substitua o irmão e ela possa aprender a dividir.

ABJN - Por que os pais estão optando, cada vez mais, por ter somente um filho? Essa é uma tendência mundial?
Ceres - Antigamente só se tinha um filho quando os pais não podiam ter mais devido a uma doença, por exemplo. Atualmente, se trata de opção, muitos pais optam por ter somente um filho, principalmente pelos aspectos econômicos e a dificuldade de tomar conta da criança.

ABJN - Se alguém é filho único de pais que também não têm irmãos, isso pode trazer problemas a essa criança pela falta de tios e primos?
Ceres - Não dá para responder, porque um problema é caracterizado por vários fatores. Mas com muitos amigos, essa criança não sofre por causa da falta de tios. E uma família onde os tios brigam entre si também não é saudável.

ABJN - Você acha que os pais têm de estar cientes de que, quando chegar a velhice, o filho pode não ter condições de cuidar deles sozinho?
Ceres - É difícil um casal resolver ter filhos para ter alguém que os cuide futuramente. E hoje em dia, o adulto tem que conseguir envelhecer sem precisar dos filhos.

ABJN - É recomendável colocar o filho único mais cedo na escola?
Ceres - Quanto mais cedo melhor. Depois de um ano, a escola é fundamental, tendo a criança irmãos ou não. Antes se acreditava que era a partir dos dois anos, mas agora os pais já não têm condições de cuidar dos filhos em tempo integral sendo que ambos trabalham. Para isso, existem escolas maravilhosas que atendem à criança desde o primeiro ano de vida.

ABJN - Imaginação fértil realmente é uma característica dos filhos únicos?
Ceres - Sim, pois é uma criança que aprende a se entreter sozinha e pode ter amigos imaginários, tudo isso é super saudável.

ABJN - Filhos únicos tornam-se mais acomodados por não ter que se sobressair para chamar a atenção dos pais?
Não, pois na escola ele terá de se sobressair.

Por Pâmela Meireles e Jéssica Guidolin
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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