A procura por programas de intercâmbio cresce cada vez mais no Brasil; somente em 2010 cerca de 160 mil brasileiros foram para o exterior
Para Borreli, o melhor do intercâmbio é conhecer uma nova cultura |
Aprendizado. Esta é a palavra mais citada quando o assunto é intercâmbio. Nova cultura, novo idioma, novos amigos, amadurecimento, tudo resultado deste termo que se usa para pessoas que foram para o exterior a trabalho ou estudo. “Abriu muito minha cabeça para outras coisas e foi muito proveitoso para o amadurecimento, pelo fato de você ficar longe dos seus amigos, familiares, de sua cultura e principalmente da sua língua”, esclarece Liander Borreli, 19, estudante de administração com ênfase em comércio exterior. Borreli já fez três intercâmbios: um na Bolívia e dois nos Estados Unidos.
Aprender uma nova língua é o principal objetivo de um intercambista. Para Borreli, a imersão na cultura do país é a melhor maneira. Assim, até a forma de relacionar-se com as pessoas tem que mudar. Ariadne Quint, coordenadora do Instituto de Línguas do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho, diz que os tímidos e perfeccionistas têm mais dificuldade em aprender uma nova língua. Uns por vergonha de errar e outros por se recusarem a falar se não for perfeitamente. A coordenadora enfatiza que não se pode ter vergonha de errar e, mesmo estando entre brasileiros, é necessário falar a língua do país o tempo inteiro. Somente praticando ao máximo é que realmente se aprende algo.
Portela foi para a Irlanda aprender inglês |
O estudante de Engenharia de Petróleo Murilo Portela, 22, é outro que arrumou as malas para uma experiência nova no exterior. Ele está fazendo intercâmbio na Irlanda. Portela decidiu sair do país somente com a intenção de aprender a falar inglês, no entanto, admite que a experiência o ajudou a crescer e ver o mundo de uma forma diferente.
Quem mais lucra com a vontade dos jovens em buscar novas culturas são as agências especializadas nesse tipo de serviço. A Egali Intercâmbio, de Campinas, é uma delas. André Kassab, coordenador da agência e formado em Turismo, explica que o público que procura a empresa, em sua grande parte, são maiores de idade e formados. “Assim o jovem vai mais preparado para exterior”, acrescenta. Longe de casa, o intercambista poderá conviver com situações complicadas, como a não-adaptação à família que o acolheu, diferenças de clima e alimentação e até mesmo a não-comunicação com os familiares.
A maioria das empresas especializadas em intercâmbio oferece diversos pacotes para públicos diferentes. Nem sempre é necessário ter um grande poder aquisitivo, basta organização. Kassab afirma que, muitas vezes, o intercambista pode investir um valor e voltar de lá com retorno financeiro.
Como resultado desta experiência, Portela está conhecendo muitas pessoas novas. “No Brasil a gente sempre ouve falar de como os europeus se comportam e como eles pensam, mas você só pode avaliar isso depois que convive com eles. Já encontrei neonazistas e é difícil acreditar que existem pessoas que pensam assim. Já conheci irlandês que fala português e conhece minha cidade natal”, recorda. Para a carreira de Borreli, falar duas línguas com fluência aumenta suas chances de trabalhar em uma multinacional. E para quem está com receio de viajar, o jovem avisa: “Não tem que ter medo de ‘meter a cara’ não. Tem que ter força de vontade.”
Pâmela Meireles, Jéssica Guidolin, Ketlin Brito, Ana Paula Rodrigues
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