Semana Estado debate economia e reportagem multimídia

As palestras do segundo dia da Semana Estado de Jornalismo “Por dentro das grandes coberturas jornalísticas” abordaram temas de economia e reportagem multimídia. O evento que seguiu na tarde de quarta-feira (23) é organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo em parceria com o banco Santander e reúne alunos de 50 universidades do país no auditório do jornal.  O minicurso termina sexta-feira (25).

Os convidados da tarde foram jornalistas do Grupo Estado, Abril, da revista Exame, Valor Econômico e do Portal Economia e Negócios. 

Paulo Totti: "Ir pra rua sempre foi missão do repórter". Foto: Isadora Stentzler
O primeiro painel, “Aproximando a economia do leitor”, tratou da importância da escolha da pauta e os métodos de apuração nas reportagens econômicas. O editor da revista Exame, Bruno Ferrari, citou exemplos de abordagens da revista e disse que é dever do repórter ter conhecimento do tema a ser escrito. “Não é função do jornalista ter opinião para tudo, isso não, mas saber quem são os maiores experts da área, sim”, frisou.
De acordo com Ferrari, o principal cuidado que se deve ter nesta editoria é o da linguagem, para não cair no “economês”. “Tudo deve ser decodificado”, explicou.
No que diz respeito as características de apuração, Ferrari ressaltou que são as mesmas de todas as editorias, em que “90% é transpiração e 10% inspiração”.
Economia sem economês
Com o mesmo raciocínio, o editor do Portal Economia e Negócios, Cley Scholz, criticou os textos densos de economia, dizendo que eles são “enfadonhos”. “Não sejam chatos”, brincou Scholz sobre a linguagem comumente usada na cobertura desses assuntos. “Vocês não devem usar a linguagem do entrevistado. Pautas de economia precisam ser claras e precisas.” Ele complementou argumentando que as reportagens sobre o tema devem conter uma história, aproximando os números da realidade do leitor e opinou que há espaço para reportagens de economia nos jornais.
“Ir para a rua sempre foi missão do repórter”, pontuou o jornalista Paulo Totti, ex Valor Econômico. “E isso não vale só para o jornalista de economia, mas para repórteres de futebol à música erudita”.
Totti frisou a simplicidade e a leitura como cernes desta profissão, e indicou os livros Casa Grande Senzala – de Gilberto Freyre , Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda e Formação Econômica do Brasilde Celso Furtado como leituras obrigatórios para o interessado na cobertura de economia. “E a partir daí, leiam tudo!”
Segundo Totti, a simplicidade deve estar intrínseca no texto da reportagem. O que só acontece mediante “boas perguntas”. “Somente quem entende a complexidade do assunto é capaz de ser simples”, explicou. As críticas do ex-jornalista do Valor Econômico se dirigiram às matérias em que o jornalista se deteve em transcrever palavra por palavra do entrevistado, não transparecendo, desta forma, clareza ao leitor.
Multimídia

Luiz Iria falou da infografia estática e também da movimentada
para reportagens multimídia. Foto: Isadora Stentzler.
O segundo painel com os jornalistas do Estadão Edison Veiga e Luís Fernando Bovo, junto do especialista em infografia Luiz Iria, falou das funções e dos recursos que um repórter multimídia pode contar.
Os palestrantes foram unânimes em afirmar que o multimídia deve estar no pensamento do repórter ao cobrir uma pauta. O que, de acordo com os profissionais, não significa acúmulo de tarefas (produzir texto, foto, vídeo e infográfico) e sim ter em mente os meios de transformar a reportagem mais atrativa.
Como exemplo, Iria falou das funções dos infográficos que estão no jornal. Na sua opinião, eles existem para cumprir três objetivos. “Informar com dinamismo e precisão, atrair e surpreender através das imagens e despertar sentimento no leitor”, pontuou.
As palestras do dia terminaram às 17h30.
Isadora Stentzler
 


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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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