Robô criado pelos alunos do 8º ano do Colégio Germinare, em São Paulo. |
A robótica vai além da realidade em grandes empresas japonesas. Escolas brasileiras de educação básica também utilizam essa tecnologia. No colégio Germinare, por exemplo, o Programa de Educação Tecnológica da Lego faz parte do cronograma de ensino desde 2009.
O projeto é pioneiro no Brasil, e tem como objetivo “promover o desenvolvimento de competências e a abordagem de conteúdos disciplinares”, conta Renato Ramos, gerente pedagógico da Zoom, distribuidora da Lego Education no Brasil. Os alunos colocam em prática os conhecimentos específicos aprendidos em sala de aula.
Quem não conhece, pensa que é brincadeira. Várias maletas guardam centenas de pecinhas coloridas da Lego de todos os tamanhos, como aquelas que os pais compram para as crianças. Algumas peças contem chips e circuitos, que fazem o robô se mover. Um aparelho, que tem o tamanho de uma câmera fotográfica digital é o intermediário entre o computador e as peças já montadas. A programação é feita através de um software desenvolvido exatamente para isso. Os estudantes se sentam na frente da tela e desenvolvem o programa do robô, prevendo cada um de seus movimentos, dizendo-lhes o que e como fazer.
A brincadeira acaba quando a proposta é feita e a situação-problema é apresentada. Aí o trabalho fica sério. Os alunos se juntam em equipes e, através da mediação do professor, hierarquizam funções, trabalham em equipe para vencer os desafios e dividem as conquistas com o grupo. A robótica educacional estimula o pensamento lógico dos estudantes para o desenvolvimento de projetos complexos.
Myriam Tricate é diretora do colégio Germinare. Ela comenta que a robótica é uma atividade de ciência aplicada. “Ninguém faz robótica sem conhecer princípios importantes da física e matemática”, declara. Ela ainda conta que a robótica pressupõe um conhecimento mais sofisticado de informática. “Os alunos envolvem-se diretamente com linguagens de programação.” A robótica educacional inseria no contexto científico e educacional tem colocado as crianças em contato com o contexto tecnológico da civilização atual de uma forma diferenciada, introduzindo o gosto pelo aprendizado e induzindo a curiosidade dos alunos. Atualmente a robótica está presente em diversos processos industriais, setores de produção e medicinais. “A robótica educacional não é um fim em si mesmo, mas uma estratégia para colocar os alunos frente a uma dimensão fundamental da vida contemporânea”, comenta Myriam.
Resultado do projeto
Maurício Rocha Oliveira é aluno do 8º ano da Escola Germinare. Oliveira ajudou na criação da tecnologia robótica, que chega como um instrumento para que os alunos apresentem a escola ao público externo. “Depois que conseguimos as peças, trabalhamos na montagem do robô durante uns três meses, mais ou menos”, conta o processo.
Os alunos tiveram dificuldade em conseguir as peças para a montagem do robô, mas o incentivo do professor e a ação dele, em conseguir as peças, motivaram ainda mais os envolvidos no projeto. “Às vezes, o professor ia até o ferro velho pra conseguir material pra gente montar nosso robô”, lembra Oliveira. “E o legal é que ele sempre estava do nosso lado, explicando e nos auxiliando naquilo que tínhamos dificuldade”.
A programação de sistemas é um requisito que o aluno mencionou ter gostado mais, uma vez que ele esteve diretamente ligado à criação da tecnologia robótica. “Eu aprendi a desenvolver trabalhos mecânicos e de programação de sistemas, aspectos que eu não tinha nem ideia de como realizar antes”, confessa Oliveira.
Além do robô, o estudante desenvolveu outras atividades com programação de sistemas, como mini-robos com programação NXT que, segundo ele, são os instrumentos da Lego. “Esses robôs possuem um mecanismo de levantar e jogar coisas, como, por exemplo, pegar uma bola e jogá-la a determinado local ou pessoa”, explica.
Por causa do seu envolvimento com o curso, o aluno pretende cursar engenharia mecatrônica após concluir o ensino médio. “O incentivo à ciência agora, na educação básica, está me motivando a continuar ligado a essa área”, diz Oliveira. O aluno relata que nunca tinha ouvido falar em engenharia mecatrônica antes de começar a fazer o curso de robótica. “Foi no decorrer do curso que eu comecei a me interessar mais em saber as faculdades que envolviam o processo que eu aprendo com robótica.”
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