Familiares que residem em outros estados sofrem por parentes afetados pela enchente em Santa Catarina

Cidade de Blumenau alagada pela enchente
Santa Catarina enfrenta uma das piores enchentes da história. Segundo a Defesa Civil Estadual, 978.070 pessoas foram afetadas nas 86 cidades atingidas pela enchente. Deste total, 162.327 estão desalojadas e 15,3 mil desabrigadas.

As cidades de Agronômica, Aurora, Brusque, Ituporanga, Laurentino, Lontras, Presidente Getúlio, Rio do Oeste, Rio do Sul e Taió declaram estado de calamidade pública. Três pessoas morreram e 170 ficaram feridas.

Familiares de vítimas das enchentes em SC que residem em outros estados também sofreram com a tragédia. É o caso da estudante Jenny Caroline Vieira, de 18 anos, residente na cidade de Engenheiro Coelho, SP. Seus pais vivem em Rio do Sul, uma das cidades mais afetadas pelas chuvas e a primeira a declarar estado de calamidade pública. “É ruim estar aqui e saber que a minha família e meus amigos estão lá correndo riscos”, afirma.

Jenny conta que seus pais estiveram ilhados por três dias e só não ficaram desalojados porque a casa está localizada no alto de um morro, no bairro laranjeiras. “Meus pais não tiveram que sair de casa, mas tenho vários amigos que precisaram ir para abrigos porque perderam tudo”, lamenta. “Eu ia me sentir melhor se estivesse lá com meu pai, minha mãe e meus amigos, mesmo que não pudesse ajudar em nada”, confessa a estudante.

O governo federal liberou R$ 43 milhões como auxílio ao estado para ajudar na reparação dos danos provocados pela enchente. Dessa quantia, R$ 30 milhões são destinados ao governo do estado e os R$ 13 milhões restantes para os 19 municípios mais afetados pelas chuvas para comprar alimentos e medicamentos.

O governo estadual de Santa Catarina já repassou R$ 10 milhões aos cinco municípios do Vale do Itajaí mais atingidos pela tragédia. As cidades de Blumenau, Itajaí, Rio do Sul e Brusque irão receber R$ 1,5 milhão cada, enquanto Gaspar irá receber R$ 1 milhão.

Creusa Alves Vieira, mãe de Jenny, diz que nunca viu nada parecido. “Dá vontade de chorar, pois está tudo devastado. Parece que aconteceu uma guerra na cidade. Queria que minhas filhas estivessem aqui comigo”, desabafa.

A família da estudante também está abrigando um casal com uma filhinha que perdeu a casa na enchente. “A cidade está cheia de lama e há vários botes pelas ruas. Há pessoas nas ruas e nos abrigos passando necessidade, sem comida nem água”, acrescenta.

Outra jovem emocionalmente abalada com os problemas no estado é a estudante Camila Machado, de 19 anos, também residente na cidade de Engenheiro Coelho, SP. Seus pais residem em Blumenau e sua irmã e sobrinhos em Brusque. Camila esteve presente na grave enchente em 2008, quando ela e seus pais precisaram sair de casa devido ao risco de desmoronamento.

A estudante diz que novamente sua mãe foi avisada pela Defesa Civil para sair de casa porque havia risco de deslizamento. “Eles só não saíram porque não tinham pra onde ir”, afirma. “Minha irmã que mora em Brusque nem conseguiu chegar do trabalho a tempo de retirar o carro da garagem, que foi estragado pela água”, conta.

O drama vivido por Jenny e Camila é o de muitos outros que vivem longe e têm famílias em locais atingidos pelas fortes chuvas e enchentes em Santa Catarina. Muitas outras pessoas sofrem emocionalmente por estarem preocupados com a segurança de seus familiares. “Eu soube da enchente olhando as reportagens e diziam que ia ser pior que a de 2008. Como eu estava presente na daquele ano, o medo foi grande”, ressalta Camila. “Acho que pela primeira vez senti o medo de perder meus pais porque sei do risco de desmoronamento e sei que eles não tinham pra onde ir”, acrescenta.

No momento, as chuvas cessaram e o bom tempo tem facilitado o trabalho das equipes de resgate e limpeza, além de tranqüilizar os familiares das vítimas que residem em outros estados. A Defesa Civil e o governo de Santa Catarina se voltaram para apriorizaração do atendimento à população e para a reconstrução de casas, pontes e rodovias.


Por Daniel Moreno e Eddie Roger
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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