Apesar de dar um toque de elegância, é necessário pensar bem antes de usar o salto alto. Foto: Mayra Silva |
Segundo o cirurgião vascular Eduardo Fávero, o uso constante do salto aumenta o risco de doenças na coluna, joelhos e tornozelos. Além desses riscos, de acordo com a fisioterapeuta Tatiana Magacho, o salto pode ocasionar incômodos simples, como calos nos pés e unhas encravadas entre outros mais graves que vão de encurtamentos musculares até tendinites e artroses.
É o caso da jornalista Luciana Reis que, ao sentir dores constantes na coluna, foi ao ortopedista. Ao consultá-la o especialista verificou que o salto alto aumentava sua dor e contribuía para sua lordose – curvatura excessiva da coluna para dentro. Logo descobriu que também possuía uma escoliose – uma curvatura na coluna vertebral, em que era possível observar um ombro mais baixo que o outro. Problema que foi agravado justamente por utilizar muito salto alto e bolsas pesadas. Este problema evoluiu e, atualmente, a jornalista apresenta uma hérnia de disco.
Tatiana explica que o uso frequente pode causar um desequilíbrio muscular, além dos riscos de queda por dar a tendência de o corpo da mulher se inclinar para frente, ocasionando o desequilíbrio. Entretanto, apesar dos problemas, Eduardo deixa claro que todos os problemas são irreversíveis, porém controláveis e tratáveis.
A atendente de nutrição Maria do Carmo da Silva, depois de muitos anos usando saltos extremamente altos, descobriu que suas dores constantes nos pés têm relação com esse hábito cultivado desde muito nova. Agora, aos 47 anos, ela desenvolveu neuroma intermetatársico – problema adquirido devido o esforço do salto, mas que é resolvido com cirurgia, além de cinco cistos nos pés. Para amenizar sua dor, ela toma antibiótico e também faz sessões de fisioterapia. O que era presente nas combinações de roupa para o trabalho, hoje é quase inexistente. “Salto alto faz a diferença, faz parte do charme da mulher”, opina Maria. Atualmente, ela intercala salto alto e saltos mais baixos. Tatiana explica que o salto anabela é o menos prejudicial, pois dá mais estabilidade ao andar por ser reto em toda a sua extensão.
Todos os problemas adquiridos pelo salto podem ser evitados ou amenizados se as mulheres tomarem alguns cuidados. “Evitar fatores de risco como sobrepeso e obesidade, sedentarismo, longos períodos de inatividade e uso de pílula anticoncepcional”, orienta o cirurgião. Os alongamentos e caminhadas, segundo a fisioterapeuta, fortalecem a musculatura dando sustentação e estabilização dos músculos e das articulações, minimizando as lesões.
Mesmo estando acostumada a usar saltos para fazer atividades simples, como ir ao supermercado ou passear no shopping, Luciana teve que abrir mão do seu companheiro de todas as horas, literalmente: “Não consigo resistir a um belo salto, mas agora uso com moderação, somente quando vou à igreja, pois boa parte do tempo ficamos sentados. Ou para ir à uma festa, que claro, requer uma apresentação impecável”. Apaixonada por sapatos, ela possui mais de 100 pares, porém cerca de oito, apenas, são baixos. A jornalista usa saltos desde os 13 anos, hoje aos 43 anos conseguiu enxergar vantagens em alternar com sapatos mais baixos: "A gente anda com mais segurança e resolve tudo com mais agilidade, acaba valendo à pena”.
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