Acúmulo de lixo espacial aumenta possibilidades de queda

Nasa rastreou 22 mil escombros
que circundam a órbita da Terra
Recentemente, pessoas ao redor do planeta dirigiram a atenção ao anúncio da Agência Espacial Americana (Nasa) sobre a queda do satélite desativado UARS (Upper Atmosphere Research Satellite), colocado em órbita em 1991. A instituição revelou não ter total controle sobre os fragmentos do satélite artificial e a possibilidade de atingir áreas habitadas. O acontecimento gerou discussões sobre os perigos e a grande quantidade de lixo espacial atualmente em órbita. De acordo com a Nasa, a probabilidade de fragmentos do satélite  atingir um ser vivo seria de um em 3,2 mil.

“O número é preocupante, pois a chance de atingir alguém não é tão pequena assim. O pior é saber que eles não tinham controle nenhum e nem sabiam onde o objeto cairia”, afirma o professor doutor em Engenharia Aeronáutica Paulo Celso Greco Junior, da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), campus São Carlos.

O UARS foi desativado em 2005 após cumprir sua missão. Desde aquele tempo, ficou vagando pelo espaço aumentando a quantidade de lixo espacial. Como esse, vários outros satélites que já foram lançados e esquecidos no espaço. Usados para ajudar na comunicação, coletar dados e registrar qualquer coisa que acontece na Terra, esses satélites tem um tempo de vida útil. Quando esse período acaba, o artefato fica solto no espaço e, aos poucos, vai perdendo a velocidade. Com isso, a força gravitacional puxa-o em direção ao planeta.

O primeiro satélite artificial colocado em órbita foi o Sputnik, lançado pela União Soviética em 4 de outubro de 1957 para estudar os efeitos da ausência de peso e da radiação de organismos vivos, e as propriedades da superfície terrestre com vista à preparação do primeiro vôo espacial tripulado. Ele emitiu informações continuamente até 26 de outubro de 1957, quando as baterias esgotaram. O artefato orbitou na Terra por seis meses antes de cair.

A partir dessa experiência, vários satélites e sondas foram lançados ao espaço e os destroços caíram na terra. Um dos mais conhecidos foi o Skylab, que se desintegrou ao entrar na atmosfera atingindo o Oceano Pacífico e a Austrália, em 1979. Alguns escombros também atingiram o Brasil, como o caso do foguete soviético no oceano Atlântico próximo a cidade do Rio de Janeiro, em março de 1978. Fragmentos de um satélite chinês que caíram sobre Itapira (SP), em 1995. E em 1996, um tanque de combustível do foguete Saturno, com um metro de diâmetro que atingiu a costa do Pará. Já o último objeto que caiu no Brasil foi um tanque de nitrogênio que atingiu uma fazenda em Montividiu (GO), em março de 2008. Entretanto, não foi confirmado nenhum caso de vítima.

Por outro lado, a quantidade de lixo espacial tem favorecido esses riscos. Segundo dados da Nasa, há 800 satélites ativos em órbita, 22 mil escombros rastreados e, suspeita de outros milhões que são pequenos demais para serem detectados pelos radares.

De acordo com o astrônomo e supervisor do Observatório Municipal de Campinas, Orlando Rodrigues Ferreira, grandes e pequenos objetos são capazes de provocar estragos ao atingirem um local em alta velocidade. “Além de poluir a órbita, o lixo pode colidir com algum satélite ou ônibus espacial, levando riscos aos astronautas, devido à velocidade de 28 mil quilômetros por hora que um objeto viaja no espaço”, revela.

A gradativa quantidade desse lixo também aumenta a chance dos destroços atingirem a terra. “Atualmente, cerca de 17 mil objetos, entre parafusos, ferramentas, pedaços de tinta, etc., capazes de serem rastreados, atingem diariamente algum lugar do planeta”, ressalta o astrônomo. “Sem contar as três mil toneladas de lixo espacial que caem em forma de poeira, devido à incineração ao entrar na atmosfera, o que muitos chamam de estrela cadente”, conclui.

No início deste mês, um relatório do Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA, entidade privada e sem fins lucrativos que fornece consultoria científica, afirmou que os detritos espaciais chegaram a um "ponto crítico", gerando riscos de colisão no espaço e na terra. A Nasa já tem um programa para manejar o lixo espacial, mas não existe tecnologia suficiente para remover todos os fragmentos. Porém, os especialistas continuam tentando.

Entre as alternativas apresentadas por várias agências que enviam satélites, sondas e cuidam da manutenção de seus artefatos espaciais, há a criação de um sistema de redes gigantes que conseguiriam capturar a sujeira ou, o desenvolvimento de raios laser que desviariam o lixo de sua rota. Entretanto, além do elevadíssimo custo da faxina, seria necessário um mutirão internacional de limpeza, pois o princípio jurídico mundial diz que nenhuma nação pode recolher os objetos de outros no espaço. Até hoje, nenhuma ação internacional de limpeza foi realizada.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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