Apesar das causas sociais evento Miss Universo permanece na superficialidade

Grande porcentagem de telespectadores e internautas
acompanharam o evento.
Foto: Léo Neves
Recentemente, o concurso Miss Universo elegeu a angolana Leila Lopes como a mulher mais bela do mundo. O evento que ocorreu em São Paulo, no último dia 12 de setembro, trouxe para ao Brasil as mulheres “mais bonitas do mundo”. Um padrão de beleza almejado por grande parte do público feminino. No entanto, cabe refletir sobre o que mais essas jovens mulheres possuem além da beleza.

Apesar de a forma física ser a principal ênfase do evento, o concurso também promove as ações humanitárias praticadas pelas misses. Como primeira representante negra a vencer o concurso Leila Lopes pretende utilizar o prestígio para auxiliar alguns projetos sociais em seu país, entre eles, ações em prol de pessoas contaminadas pelo vírus HIV, idosos abandonados, educação e atendimento a crianças carentes.

Além da contribuição sócio-humanitária, a miss universo também despertou a reação das compatriotas. Por ser a primeira representante de Angola a vencer o concurso, é uma forma de apresentar ao mundo não apenas as necessidades como também as distinções do país. Para a estudante de comunicação Zenilda Odete, que atualmente reside no Brasil, com o título de miss a Angola passará a ser mais reconhecida e respeitada. “As pessoas irão diferenciar a África de Angola, meus colegas se referem que Angola e África são a mesma coisa,” relata.

Adriano Kapangue, estudante do último período de Engenharia Civil, também é angolano e considera que o concurso Miss Universo deixa a desejar no conteúdo. Para ele, as causas sociais funcionam como pretexto para que o programa tenha continuidade. Ele defende que existem outras maneiras de ajudar as pessoas sem criar um evento que exponha o corpo da mulher. “O programa em si é fútil, a tentativa de colocar causas sociais foi um escape da futilidade”, comenta.

Apesar da valorização de causas humanitárias, exibidas durante a transmissão da final do concurso, no mesmo evento prevalece a exploração da beleza feminina. O que segundo especialistas, ressalta a futilidade e superficialidade da busca por padrões ilimitados de estética corporal. Segundo Lígia Lana, doutoranda em comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apesar das causas sociais, o evento não pode ser considerado como algo útil. “Ele é um programa pode-se dizer fútil, mas consegue alcançar o interesse do público”, explica.

Os níveis de audiência demonstraram que o programa atendeu grande número de espectadores quando foi ao ar. Segundo constatou o Buzzmetrics, ferramenta do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). Pesquisa do Nielsen Online, que analisa as redes sociais, identificou aproximadamente 40 mil mensagens de internautas que comentaram o Miss Universo. Somente no dia do evento alcançou cerca de 30 mil menções.

Lígia explica que o retorno do público se justifica por um hábito comum. “As pessoas assistem para se divertir. Com o ritmo de vida que elas têm, querem chegar em casa e assistir algo ao invés de ler um livro ou fazer outra coisa. Faz parte do estilo de vida moderno contemporâneo”, afirma.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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