Grande porcentagem de telespectadores e internautas acompanharam o evento. Foto: Léo Neves |
Apesar de a forma física ser a principal ênfase do evento, o concurso também promove as ações humanitárias praticadas pelas misses. Como primeira representante negra a vencer o concurso Leila Lopes pretende utilizar o prestígio para auxiliar alguns projetos sociais em seu país, entre eles, ações em prol de pessoas contaminadas pelo vírus HIV, idosos abandonados, educação e atendimento a crianças carentes.
Além da contribuição sócio-humanitária, a miss universo também despertou a reação das compatriotas. Por ser a primeira representante de Angola a vencer o concurso, é uma forma de apresentar ao mundo não apenas as necessidades como também as distinções do país. Para a estudante de comunicação Zenilda Odete, que atualmente reside no Brasil, com o título de miss a Angola passará a ser mais reconhecida e respeitada. “As pessoas irão diferenciar a África de Angola, meus colegas se referem que Angola e África são a mesma coisa,” relata.
Adriano Kapangue, estudante do último período de Engenharia Civil, também é angolano e considera que o concurso Miss Universo deixa a desejar no conteúdo. Para ele, as causas sociais funcionam como pretexto para que o programa tenha continuidade. Ele defende que existem outras maneiras de ajudar as pessoas sem criar um evento que exponha o corpo da mulher. “O programa em si é fútil, a tentativa de colocar causas sociais foi um escape da futilidade”, comenta.
Apesar da valorização de causas humanitárias, exibidas durante a transmissão da final do concurso, no mesmo evento prevalece a exploração da beleza feminina. O que segundo especialistas, ressalta a futilidade e superficialidade da busca por padrões ilimitados de estética corporal. Segundo Lígia Lana, doutoranda em comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apesar das causas sociais, o evento não pode ser considerado como algo útil. “Ele é um programa pode-se dizer fútil, mas consegue alcançar o interesse do público”, explica.
Os níveis de audiência demonstraram que o programa atendeu grande número de espectadores quando foi ao ar. Segundo constatou o Buzzmetrics, ferramenta do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). Pesquisa do Nielsen Online, que analisa as redes sociais, identificou aproximadamente 40 mil mensagens de internautas que comentaram o Miss Universo. Somente no dia do evento alcançou cerca de 30 mil menções.
Lígia explica que o retorno do público se justifica por um hábito comum. “As pessoas assistem para se divertir. Com o ritmo de vida que elas têm, querem chegar em casa e assistir algo ao invés de ler um livro ou fazer outra coisa. Faz parte do estilo de vida moderno contemporâneo”, afirma.
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