Rotina de alunos é marcada por rivalidade saudável, no lazer

Rivalidade entre Diamantino Paulo
e Denilson Cafala não impediu
de assistirem a partida juntos
Foto: Léo Neves
Aos poucos, eles vão chegando. Em pouco tempo, um grupo se aglomera na frente de uma TV. Parte dele está sentada em um sofá azul, enquanto os outros ficam em pé logo atrás, aguardando o momento inicial. Então a transmissão começa. As escalações das duas equipes de futebol são anunciadas. O clima é de tensão no residencial masculino do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Desbancar o poderoso Barcelona, na Espanha, não é para qualquer um, mas o tradicional AC Milan tenta o feito. De qualquer forma, é apenas o começo da Liga dos Campeões da Europa.

Surpreendidos logo de cara, os torcedores do Barça nem mesmo teriam tempo para respirar. A arrancada de Alexandre Pato, que começaria atrás do meio campo e deixaria a toda a zaga para trás, só acabaria na comemoração do gol. Decepção para uns, alegria para outros. “Esse rapaz voa... Voa e bate bem na bola!”, comemoraria o aluno de Engenharia Civil, Denilson Cafala.

Apesar de estar com a camisa do Milan, Cafala não torce pelo time italiano. “Ele e o outro torcem pro Real Madrid... Só estão com a camisa do Milan para irritar a gente”, revela Diamantino Paulo, apontando para os dois.

Mas o Barça começaria a trazer problemas para o Milan. Com chances desperdiçadas de Alexandre Pato e Prince Boateng, além de uma postura mais defensiva, os italianos sofreriam com os passes refinados, e a movimentação veloz dos espanhóis. Resultado? Gol do Barcelona. Pelo jeito, só o zagueiro Abate não sabia, na prática, que o melhor jogador do mundo não desiste. “Como é que o zagueiro deixa o cara [Messi] passar por ali?”, reclamaria Claudio Webbster, indignado com o passe açucarado do argentino para Pedro marcar.

No segundo tempo, o quadro se complicaria... O Milan ficaria irreconhecível. A equipe italiana ficaria na defensiva, enquanto o Barcelona colocaria seu ritmo de uma vez por todas. Cafala, que assistia a partida ao lado de Paulo permanecia em silêncio, temendo pelo pior. Enquanto isso acontecia, outro aluno que assistia a partida próximo ao sofá trataria de provocá-lo. “Se não der uma provocada, não tem graça, mas quando meu time toma gol, eu fico quieto”, justificaria Deodácio Laerson, estudante de Engenharia Civil.

Aos quatro minutos, Villa tratou de marcar o segundo gol dos espanhóis. Logo, um dos torcedores se aproximaria do sofá e cutucaria Cafala. “O que aconteceu, Denilson? [O Milan] Vai virar [o placar]?”, diria Jorge Luis, estudante de Teologia, com ar de ironia. Tentando se esquivar da vergonha, Cafala revelaria que, na verdade, torce "pelo Real Madrid”, passando uma impressão de desânimo.

A rivalidade entre torcidas é algo que Paulo e Laerson entendem como saudáveis, mas que podem causar problemas em alguns momentos. “Isso acaba acontecendo por causa do nervosismo... Aí fica complicado, mas ainda assim é algo do jogo”, explica Paulo, enquanto aguardava o apito final.

O triunfo do Barça, que parecia certo, não aconteceu. Aos 46 minutos do 2º tempo, Thiago Silva calaria a torcida do estádio Nou Camp, e inclusive, os torcedores do Barça do residencial masculino do Unasp. O silêncio de Cafala se transformaria em gritos, enquanto comemorava o empate heroico. “Não falei?! Eu disse que ainda ia conversar com você até o fim do jogo... Falei para esperar!”, mexia com um de seus amigos, aos pulos.

Ao menos, o resultado não seria negativo para nenhuma das duas torcidas. A TV seria desligada, o grupo deixaria o recinto, e o clima, que era de tensão, se transformaria em descontração. Aqueles que eram adversários, agora, sairiam abraçados, enquanto discutiam sobre o que faltou para que seus times favoritos ganhassem.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

1 comentários

  1. Parabéns William,ficou legal a matéria!!

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