Escalada esportiva desafia coragem de praticantes

Felipe Guimarães escalando no morro do Camelo, Itamonte,  MG.
 Foto: Thaiana Ferreira
Assim como a ginástica engloba várias modalidades a escalada não é diferente. Apesar de conhecida, por alguns, como esporte de “homens-aranha”, a escalada é um esporte como qualquer outro, no qual atenção, agilidade, força e coragem são apenas alguns quesitos para quem quer praticá-lo.

Não há registro que marca o começo dessa prática, porém, há datas de modalidades de escalada. A escalada esportiva conhecida como escalada indoors, escalada em paredes artificiais, por exemplo, foi descoberta nos anos 70 que se tornou conhecida através de um ucraniano que pendurou pedras em sua parede para treinar no inverno mais frio da Ucrânia. Após essa descoberta, não intencionada, muitos escaladores adaptaram essa ideia. No Brasil, essa modalidade só ficou conhecida na década de 90.

Esportiva, clássica, tradicional e bouder são algumas das modalidades existentes na escalada. Cada um pode escolher a qual se adaptar, outros têm a habilidade de trabalhar com muitas delas. Esse é o caso do guia de montanha e escalada no Brasil, Felipe Guimarães, que trabalha como instrutor há 13 anos. Autor do Manual de Montanhismo e escaladas de Itatiaia e região, Guimarães acredita que, independentemente da modalidade, sua missão é levar e trazer os praticantes com segurança. “Nos locais onde poucos dos que visitam ali chegam, o meu serviço é levar essas pessoas aos locais e trazer em segurança para casa, para que eles possam aproveitar mais o seu passeio sem perder tempo”, conta.

Além de ter um bom guia, uma boa preparação pode evitar surpresas e até desconfortos para o praticante. O estudante, Loabim da Silva, não teve uma instrução antes da escalada, processo que dificultou usufruir do esporte. “Tive pouco preparo antes, foi mais na hora mesmo, e assisti alguns vídeos sobre escaladas para ter referência, mas sofri um pouco com isso”, confessa o estudante que escala há um ano e meio.

Há duas décadas, a escalada tem sido procurada com mais frequência. Ela cresceu bastante no Brasil, porque além de ser conhecida como um esporte que ajuda a reduzir o stress é fácil de ser praticada em qualquer cidade, basta ter uma parede em academias ou lugares específicos.

A escalada esportiva e clássica são consideradas escaladas livres, porque o escalador usa seus pés e mãos como meio para poder progredir na parede. Essa modalidade resume em escalar a uma determinada via de início ao fim, sem apelar aos materiais de segurança. Já a artificial, exige que o escalador recorra a aparelhos como estribos para ajudar no procedimento.

Pode parecer simples, mas para praticar esse esporte é preciso que o escalador tenha algumas características fundamentais para aproveitar o momento e não ser pego de surpreso devido às circunstâncias. O ex-instrutor de escalada Daniel Botrel dá algumas dicas. “Qualquer pessoa pode escalar desde que tenha um pouco de preparo físico, persistência e coragem para tentar novos desafios”, ensina.

No detalhe de que toda pessoa pode escalar, a opinião de Botrel se assemelha com a de Guimarães. Mas, além disso, o especialista em escalada acredita que existem outros aspectos que fazem muita diferença na hora de praticar o esporte. “Ser atencioso, aventureiro, guerreiro, sonhador, visionário, feliz e bem arteiro são algumas características importantes”, detalha Guimarães.

Não obstante da paixão pelo esporte, o maior desafio é viver da escalada e montanhismo por falta de apoio. “Apesar do Brasil, ser um dos lugares mais exóticos do mundo, ter locais e montanhas muito interessantes, não temos muito interesse de investidores em atletas da escalada e montanhistas”, desabafa Guimarães.

Um trabalho que deveria ser apoiado e valorizado, principalmente, por riscos de perder a vida. Perigo que os instrutores estão cientes que existe. O jornalista, Clayton Conservani, especializado em reportagens extremas, uma delas a escalada, afirma que sabe dos riscos. “Considero uma profissão de riscos em alguns momentos. Porque por mais que existe planejamento, logística e preparo para essas expedições, coisas que você não tem como prever, como no caso de uma avalanche ou uma tempestade, podem acontecer”, confessa.

Para quem quer praticar o esporte, vale observar, analisar os riscos e desafios de um escalador. Daniel, Loabim, Felipe e Clayton são pessoas diferentes, mas que além de paixão tem características semelhantes a de um escalador. “Desde pequeno eu sempre brinquei de ninja, pratiquei muita arte marcial e sempre gostei de fazer aventura. Muitas vezes, me peguei sentado na fachada de algumas casas olhando as possibilidades de subir até o telhado por rotas diferentes, jeitos de chegar acima daqueles muros, enfim, creio que isso é o que chamo hoje de leitura de via”, descreve Guimarães.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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