Em campo, especialistas analisam formação de rochas basálticas. Foto: Rômulo Prestes |
No ano de 1883 a erupção do Krakatoa foi muito forte, apesar de o vulcão ser pequeno se comparado a outros. Provocou uma explosão equivalente a 5 mil bombas atômicas. As cinzas atingiram 50 mil metros de altura, bloqueando 3% da luz solar, diminuindo a temperatura da Terra em 0,5º C. Provocou tsunamis de 40 metros, causando a morte de 36 mil pessoas. “Os resultados foram espantosos, mostrando realmente que esse processo foi violento”, explica Neves. Eventos como esse, de passado recente somado aos que estão em andamento, dão pistas de como compreender melhor o passado do próprio planeta.
No Brasil, o que os geólogos chamam de Formação Serra Geral deu origem a Bacia do Paraná, uma grande extensão de terra que passou por violento e intenso processo de vulcanismo. Essa área abrange cerca de 1 milhão de km². Segundo Nahor Neves os processos vulcânicos que ocorreram no local foram em características diferentes ao que ocorreu no Chile, por exemplo. “Não são vulcões como o de Krakatoa, aqueles edifícios cônicos de onde sai a lava. São fissuras que se abriram aqui na região. O volume desse material é em torno de 1 milhão de km³ de lava”, descreve. Isso demonstra, segundo ele, a ocorrência de um evento de proporções gigantescas que difere daqueles visíveis em nossa era.
A existência de rochas basálticas em todo o território da Bacia do Paraná evidência o caminho por onde a lava percorreu. Segundo Elson Oliveira professor de Geologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o basalto é formado em camadas profundas, no manto da Terra, que se solidifica resultando em grandes pedaços de pedra. “É uma rocha vulcânica formada na superfície a partir da cristalização do magma que chegou até a superfície”, explica.
Birgir Óskarsson, pesquisador da University of Iceland, de Reykjavic, na Islândia, tem acompanhado as atividades do vulcão Eyjafjallajökull, que entrou em erupção em 2010. “Estudando os processos ativos lá, nós podemos compreender melhor como que as lavas interagem com o ambiente e como que elas fluem, como que elas se formam”, declara. Óskarsson, já viveu 12 anos no Brasil, e de passagem pelo país aproveitou para analisar a formação basáltica localizada em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Para o geólogo islandês é importante traçar um paralelo entre fenômenos muito antigos e os atuais. “Estudando o resultado desses processos na Islândia, nós podemos depois vir para afloramentos como esse na Bacia do Paraná e comparar as estruturas que nós vemos lá, num país tão ativo, com afloramentos passados,” afirma.
Segundo Nahor Neves ao estudarmos fenômenos geológicos antigos é possível notar a inclusão de outros elementos naturais além do vulcanismo. “Quando eu vejo um fenômeno vulcânico, hoje, ele acaba sendo uma chave para o passado. Quanto mais catastrófico for, mais se aproxima de detalhes que a gente vê na Terra de fenômenos mais abrangentes que ocorreram no passado”, explica.
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