Açúcar em excesso causa vício


Por: Juliane Fladzinski e Isadora Stentzler


Segundo a nutricionista Gilza, são necessários
 120 gr de açúçar por dia.
 Chegou da aula, sentou-se a mesa para almoçar e pediu: “O que é que têm de doce?” Silêncio. Movida pelo desejo de comer, ela então corre para o balcão da cozinha, vasculha os potes e encontra entre as latas de alimento uma que dizia “Ovomaltine”. Satisfação. Agora era preciso uma colher daquele doce e a refeição ficaria completa.

Vício? Eliane Ramos, de 19 anos e estudante de engenharia, diz que sim. “Eu não vivia sem doce. Era como se o meu cérebro enviasse uma mensagem dizendo: chegou à hora de comer chocolate”, relata.

A jovem de 19 anos conta que há um ano atrás, o consumo de doces, principalmente após as refeições, era um hábito diário, ou então, era como se faltasse algo. “Eu me lembro quando comemorei o aniversário de 11 meses com meu antigo namorado. Era setembro de 2009, e eu ganhei dele 11 caixas de bis. Eu nunca me esqueço, pois eu comi todas elas em uma semana.”, relembra Elaine. Mesmo depois dessa experiência, em que ela comeu 220 bis em sete dias, Eliane explica que não se considerava uma viciada. “Eu não tinha noção de como era ter um vício. Acho que é mais coisa da nossa cabeça, sabe? E isso vai se tornando um hábito".

Segundo Gilza Vianna da Costa, nutricionista há 25 anos, o chocolate e doces no geral viciam porque atuam na região límbica do cérebro responsável pelo comportamento e funções afetivas. Nessa região encontra-se a leptina, hormônio que também controla nosso apetite, e que, quando afetada pelo açúcar em excesso, é inibido de exercer a sua função. “Quanto mais você come, menos você tem o alerta dessa substância aumentando a sua vontade de comer. Ou seja, você não fica satisfeito, por isso está sempre querendo comer mais”, declara.

Era o caso de Eliane. A jovem só se deu conta do vício em 2010, quando seus amigos brincando, a chamavam de “chocólatra”. “Eles zuavam comigo porque achavam engraçado eu gostar tanto de chocolate. Mas depois eu comecei a pensar 'puts', eu como muito chocolate mesmo”, confessa.

No ano passado, Eliane resolveu mudar seus hábitos com o próprio desafio de passar um mês sem chocolate. Segundo a estudante, “a primeira semana foi horrível”, porque ela sentia muita vontade de comer. Para não ingerir mais chocolate, ela achava outras maneiras de fazer a vontade passar: “Eu procurava suprir com outra coisa no lugar, como frutas, água ou ir dormir.” Passado os trinta dias, a jovem já sentiu mudanças no organismo e conseguiu, a partir de então, manter o controle. “E quando terminou, foi como se eu descobrisse que não precisava comer todo o dia. Foi bom eu ter ficado sem, porque isso não era uma necessidade, era um hábito, um vício” conta Eliane satisfeita com resultados.

Porque vicia

Para a psicóloga Sandra Silvia, o vício por açúcar é comum “porque o cérebro tem o comando do corpo e o doce dá uma turbinada. Por exemplo, o nosso humor é desenvolvido por químicas cerebrais que quando recebem o açúcar, dão um up”, explica.

Ainda segundo a psicóloga, esse up ou bem-estar causado pelo consumo de açúcar, perde força com o passar do tempo criando um desgaste cerebral que pode levar à perda de neurônios. “Toda vez que você consome o açúcar para essa finalidade, assim como uma droga, ele causa um vácuo depois da sensação de bem-estar o que pode caracterizar uma depressão” diz.

No entanto, para que se tenha uma sensação de bem-estar sem depender dos efeitos do açúcar, é recomendável, segundo a psicóloga, atividade física regularmente, boa alimentação, água e meditação com Deus.

A nutricionista Gilza também orienta que a quantidade ideal de açúcar por dia é de 120 gramas, o equivalente a 10 colheres de sopa.

Por fim, Eliane Ramos aconselha. "Quem quer parar com o chocolate precisa fazer um desafio consigo mesmo, porque não podemos ficar dependente de uma comida, algum doce para sentirmos bem. Devemos sentir bem por nós mesmos", indica.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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