Morar fora auxilia na independência dos estudantes

Jovens saem de casa em busca de
novas oportunidades. Foto: Gabriela Vizine
O sol já raiou. O despertador faz seu estrondo matinal. Já é 7h30 da manhã e o dia começa cedo para a jornalista Liana Feitosa. Levantar, amigar-se com o espelho, discutir com o guarda roupa, escolher o traje, alimentar-se. A rotina pré-trabalho é intensa. Cada consulta ao relógio é um espanto. Os ponteiros correm ligeiramente.

Nascida em Campo Grande, morou durante os três últimos anos, antes da graduação, em Aquidauana, interior do Mato Grosso do Sul. Liana tinha um objetivo: ser jornalista. Por isso, não hesitou em sair da casa dos pais e de toda a mordomia que as circunstâncias lhe proporcionavam para ir em busca de seu sonho. Enfrentar o dia-a-dia morando sozinha seria uma tarefa árdua, porém recompensadora.

Sonhadora, aos 17 anos resolveu se deslocar de sua pacata cidade para voltar à capital, a fim de ingressar na faculdade de jornalismo da Uniderp (hoje parte do grupo Anhanguera). Liana era ousada. Mesmo com todas as dificuldades ela queria ainda mais. Então, após dois anos morando e estudando em Campo Grande, foi para São Paulo à procura de novas oportunidades.

No novo estado, foi morar na pequena cidade de Engenheiro Coelho, para estudar no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Longe do agito urbano, Liana cursava a graduação e morava na própria instituição. No entanto, após um processo de seleção, ela obteve a chance de estagiar num veículo de comunicação renomado, a EPTV Campinas, afiliada da Globo na região.

Liana Feitosa, jornalista.
Foto: arquivo pessoal
Com o êxito, ela decidiu alugar um apartamento próximo ao futuro estágio, em Campinas. Apesar dos 60 quilômetros de distância da TV até o centro universitário onde estudava, ela topou se deslocar de ônibus e vans para cumprir o percurso todos os dias.

Mesmo demorando duas horas pra chegar ao destino, valia a pena todo o desdobramento pelo simples fato de dever cumprido. Cada dia passado no estágio, por mais exaustivo que fosse, fazia com que Liana se apaixonasse cada vez mais pelo jornalismo.

A vida não era fácil. As atividades iam se acumulando. Limpar a casa, lavar a roupa, trabalhar, estudar, ir ao supermercado, ao banco... E o final de semana, que poderia ser totalmente dedicado ao lazer, era exclusivo às atividades acadêmicas. “Eu não conseguia encontrar tempo para aproveitar o que Campinas oferecia, por exemplo, os ótimos programas culturais”, desabafa Liana.

O ensino que os pais lhe deram foi de suma importância, pois a jornalista tentava harmonizar os seus problemas com os ensinamentos paternos e aplicá-los da melhor maneira possível. De acordo com o psicólogo Elias Pereira, a educação que os pais dão aos filhos é o diferencial para torná-los maduros. “Se na primeira infância e até o início da adolescência o jovem teve uma boa formação, foi amado, e se houve um preparo para o futuro, é um ganho muito grande, porque ele antecipa a sua independência financeira e afetiva”, revela.

Mesmo com o desejo de liberdade, diferentemente da jornalista, alguns jovens sentem-se incapazes de afrontar o medo, a insegurança e a suposta rejeição da sociedade. “O medo é uma criação da nossa mente. Ele não é algo que existe por si só, e sim porque a mente o cria”, argumenta o psicólogo.

Encarar o medo mudou a história de Liana. A menina que antes vivia sob a proteção dos pais hoje assume sua própria independência. “Noites em claro e dias de estresse, preocupação e choro vão existir. Na vida, só ganha fácil quem joga na loteria. No entanto, não há dinheiro e conquistas mais valiosas do que aquelas que conseguimos mediante o nosso esforço e dedicação”, salienta.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

1 comentários

  1. Ótima matéria. A história da Liana é muito parecida com a minha e de outros universitários. Por isso, o texto chama tanto a atenção.

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