Dia do jornalismo faz lembrar desafios da profissão

Nos últimos 12 anos, mais de 1.100 jornalistas morreram por causa da profissão.

Neste sábado, 07 de abril, será comemorado o dia do jornalista. A classe que pode ser lembrada em outros 6 dias do ano, reforça a posição ante a queda da obrigatoriedade do diploma em 2009 e é homenageada pela Federação Nacional dos Jornalistas. 

O dia, instituído em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa, surgiu em memória do médico e jornalista, João Batista Líbero Badaró, assassinado em 22 de novembro de 1830 por inimigos políticos. Devido a morte do jornalista, movimentos populares rebeldes da época fizeram com que D. Pedro I renunciasse no dia 7 de abril de 1831. Um século depois, a data foi registrada como dia do jornalista. 

Para o ex-diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) de 2001 e 2002, Luís Fernando Assunção, é justo ter uma data para comemorar o dia do jornalista. Entretanto, o profissional deve avaliar o dia como uma oportunidade de “fortalecimento da profissão”, onde a classe deve repensar sobre os melhores métodos de se fazer jornalismo, avaliação que segundo Assunção, “tem que ser diária e todos os dias do ano”, pontua. 

Em 2009, a classe dos jornalistas perdeu a obrigatoriedade do diploma para exercer a função por oito votos a um, no Supremo Tribunal Federal (STF). Gilmar Mendes, presidente do Supremo da época, defendeu que o jornalismo é uma profissão diferenciada e que tem vinculação com o exercício amplo das liberdades de expressão e de informação, por isso, quando exige-se o diploma, se esta indo contra a Constituição Federal. 

Segundo Assunção, a queda da exigência do diploma faz com que o profissional de jornalismo seja desvalorizado, deixando a informação veiculada com má qualidade. “Então o jornalista hoje esta desprotegido em relação a legislação. Não tem uma lei que regulamenta a profissão. E isso foi péssimo. Porque se a pessoa não precisa de qualificação para produzir informação, então significa que a informação que chegar na outra ponta não vai ter qualidade”, explica.

Rogério Viola que a quatro meses se formou em jornalismo, também considera o ato uma falta de respeito com os profissionais. Ele diz: “Por que que as outra profissões precisam do diploma?  E por que que a imprensa que esta ali, moldando as outras coisas não necessita? Sem dúvida, isso é uma desvalorização total.” Com a invalidez do diploma, a concorrência no mercado das profissões também é afetada, porque as agências e imprensas não se veem obrigadas a contratarem profissionais formados, o que deixa uma demanda de representantes de classe, mesmo com formação, desempregados.

Outro problema para os profissionais, é o risco de vida por conta da profissão. Dados divulgados no site da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), apontam o jornalismo como uma função arriscada.  Os números mostram, que nos últimos 12 anos, mais de 1.100 jornalistas morreram assassinados no cumprimento do trabalho. Além disso, os riscos de saúde e tendência a ataques do coração, também são elevados, o que é explicado pela ansiedade gerada nos prazos curtos, e o estresse na busca por informações.

Ainda lembrando a data, a Federação Nacional dos Jornalistas, divulgou em nota na última quarta-feira, 4, uma homenagem a classe de acadêmicos, profissionais formados, e pessoas que usufruem dos produtos jornalísticos. Diz em trecho da nota:

“A Federação Nacional dos Jornalistas, saúda neste 7 de abril, Dia Nacional dos Jornalistas, a todos trabalhadores e trabalhadoras que (...) narrando ou apresentando notícias em todos suportes, exercem esta profissão que é um dos pilares mais visíveis da democracia. A FENAJ homenageia a todos aqueles que, com condições de trabalho quase sempre aquém do necessário, ajudam a consolidar o estado de direito. Lembra, neste dia, a saga heróica de militantes da notícia que arriscaram sua integridade, sua liberdade e sua vida.” 

Durante o ano, outros seis dias podem ser lembrados como o dia do jornalista. São eles, 9 de janeiro, confundida também com a data oficial, mas sem registros sobre ela; 24 de janeiro, quando se comemora o dia de São Francisco de Sales como padroeiro do jornalismo; 16 de fevereiro, dia do Repórter; 03 de maio, que corresponde a data de liberdade da imprensa decretada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1993; e também, 8 de novembro como sendo o dia mundial do jornalista, quando 1,3 bilhões de chineses comemoram a data. Nos EUA, o dia do jornalista é comemorado em 8 de agosto.