Receber ligações do trabalho fora do horário de serviço pode ser considerado como hora extra. Foto: Daniel Moreno |
É o caso do pastor Jackson
Batista, que trabalha na capital paulista. Jackson utiliza um celular
unicamente para resolver os muitos problemas do trabalho. Ele admite
que o item traz seus prós e contras. “Com o celular corporativo, o benefício é
que posso estar sempre mais próximo da empresa, fica fácil poder atendê-la.
Mas é preciso lembrar que pode também limitar nossa liberdade, especialmente
nos momentos de folga”, coloca Batista.
Porém, para quem utiliza meios de
comunicação corporativos como Jackson, uma novidade vinda do Planalto Central
promete trazer um alívio, mas também um grande rebuliço entre as empresas. A
presidenta Dilma Rousseff sancionou no fim de 2011 uma lei que promoveu
alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A mudança abriu espaço
para que profissionais que utilizam celulares e e-mails corporativos após o
expediente de trabalho recebam remuneração por horas extras.
A decisão resultou em discussão e
polêmica entre empregados e empregadores. Alguns membros do Legislativo já
defendem uma revisão na lei. O gerente de Recursos Humanos do
Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho, Moisés Souza, criticou a
forma como as alterações foram redigidas. “Precisa haver uma visão mais clara e
objetiva do sentido da legislação. A interpretação vai divergir bastante, tanto
para um lado como para outro”, desabafa Souza.
Segundo a íntegra da lei, contida no decreto-lei de número 5.452, “não se
distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o
executado no domicílio do empregado e o realizado à distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego”. O texto também inclui
que “os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se
equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de
comando.”
Para o advogado trabalhista
Eduardo Patrício, do escritório GMP Advogados, a questão do controle dessas
horas é o grande problema na CLT. “Se isso for feito uma vez ou outra não vejo
o porque não considerar o contato como horas extra, mas se isso
for feito de forma habitual e obrigatória, já não se pode caracterizar como
tempo extra,” revela Patrício. Ele também ressalta a problemática que seria
para a empresa criar um sistema de monitoramento desses horários. “Terão que
ser criados procedimentos internos para o uso do e-mail. O que é algo difícil e
caro.”
Home Office: a nova tendência
Um dos principais objetivos do
governo na alteração da CLT é atingir uma nova tendência que cresce cada vez
mais no país: o Home Office, ou trabalho em casa. Um estudo elabora pela
consultoria HAYS Recruiting mostrou que 31,2% das empresas já adotam, parcial
ou completamente, o sistema de home office.
“A legislação vai ter que adequar
a essa nova realidade, que ganha cada vez mais variações e fica cada vez mais
difícil de fugir dela,” argumenta Souza.
Apesar da intenção do governo de modernizar as leis trabalhistas, Patrício criticou as alterações. “Estas novas regras estão prejudicando a flexibilização nesta questão do home Office, que beneficia não somente os trabalhadores que poupam tempo no deslocamento até o trabalho, como as empresas que ganham com a descentralização de seu ambiente de emprego. A nova lei congelou essa tendência,” afirma.
Apesar da intenção do governo de modernizar as leis trabalhistas, Patrício criticou as alterações. “Estas novas regras estão prejudicando a flexibilização nesta questão do home Office, que beneficia não somente os trabalhadores que poupam tempo no deslocamento até o trabalho, como as empresas que ganham com a descentralização de seu ambiente de emprego. A nova lei congelou essa tendência,” afirma.
Conheça mais sobre a
CLT
A Consolidação das Leis de
Trabalho foi criada e sancionada em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas,
com o objetivo de unificar toda a legislação trabalhista que existia no país. É
a principal norma legislativa dos direitos do Trabalho e de suas relações,
sejam individuais ou coletivas.
Apesar das diversas alterações
sofridas durante sua história, a CLT é considerada uma das legislações
trabalhistas mais rígidas do mundo, recebendo críticas por sua necessidade de
atualização à atual realidade do Brasil. A sanção da presidente Dilma colocando
os meios tecnológicos (celular e internet) na lei são vistos como uma tentativa
de modernizar a CLT.
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