Por Daniele França
Os números são alarmantes quando o assunto é obesidade infantil. As dobrinhas que antes agradavam à família, hoje preocupam as autoridades mundiais em saúde. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estima que o número de crianças obesas do Brasil cresceu 240% nas últimas duas décadas. O problema já é considerado epidemia mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, no mundo, uma em cada dez crianças está acima do peso.
A obesidade infantil pode ser evitada
através de uma boa alimentação.
Foto: Leo Neves
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Os números são alarmantes quando o assunto é obesidade infantil. As dobrinhas que antes agradavam à família, hoje preocupam as autoridades mundiais em saúde. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estima que o número de crianças obesas do Brasil cresceu 240% nas últimas duas décadas. O problema já é considerado epidemia mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, no mundo, uma em cada dez crianças está acima do peso.
Toda essa preocupação faz sentido. A obesidade acarreta uma série de problemas graves de saúde. Entre a lista de consequências dos quilos a mais, estão o diabetes tipo II - até então encontrado só nos adultos -, a hipertensão, os altos índices de colesterol e a síndrome metabólica, que resulta de uma associação de fatores de risco que aumenta as chances de doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio.
“A chance de uma criança obesa ser um adulto com o mesmo problema é enorme”, alerta endocrinologista Léa Diamant, da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a médica, são raros os casos de problemas endocrinológicos nas crianças. “O aumento de peso, na maioria das vezes, vem da alimentação inadequada e da falta de atividade física”, afirma.
Bons exemplos em casa
O cardápio básico do brasileiro – composto de arroz, feijão, bife e salada – está ficando para trás. Hoje as opções são os pratos rápidos, comida congelada e, para quem tem ainda mais pressa, o chamado fast food. Para Silvia Piovacari, coordenadora da Nutrição Clínica do Einstein, o bom exemplo de hábitos alimentares tem que vir de casa. As crianças são os reflexos dos pais e vão comer o que eles põem no prato. A recomendação é de que haja diariamente: verduras, frutas e legumes, no almoço e no jantar.
Não é preciso ser radical e abolir todas as guloseimas que os pequenos tanto gostam. Os especialistas indicam o bom senso como a melhor alternativa. Doces, lanches e refrigerantes podem ser consumidos, mas com pouca frequência e em quantidades limitadas. “Os pais precisam fazer opções inteligentes quando o assunto é a alimentação das crianças e saberem negociar com eles as guloseimas para ocasiões especiais. O importante é que elas não façam parte da rotina da criança”, explica a nutricionista.
Brincadeira saudável
Outro hábito que ajuda os pequenos a manter os ponteiros da balança lá em cima é a falta de atividade física. E engana-se quem acredita que uma aula de judô ou balé por semana pode ajudá-los a queimar toda a energia. Bom mesmo é brincadeira de criança. “Eles precisam correr, pular, andar de bicicleta, patins e passar tardes brincando com outras crianças”, afirma a Léa.
A ‘geração videogame’ é a grande candidata a formar uma legião de pessoas obesas – que preferem o computador a uma bola de futebol – e com uma série de problemas tanto de saúde física, quanto de mental. E as estatísticas comprovam: 80% dos adultos obesos foram crianças obesas.
De olho na balança
As crianças ganham por volta de dois quilos e meio por ano, o que corresponde a 200 gramas por mês. Na fase que precede a puberdade, o aumento de peso é maior, mas compensado pelo crescimento. Quando o pequeno ganha um quilo por mês é preciso estar atento. “Recomendo que os pais fiquem atentos ao peso dos filhos, principalmente se tiverem casos de obesidade na família. Se você vê uma criança engordar três quilos em seis meses é preciso procurar ajuda de um especialista”, comenta a médica.
Para cada idade há um peso adequado, que pode ser medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC), utilizado tanto em adultos quanto em crianças. Entretanto, os pequenos têm uma tabela específica que leva em conta a idade e o sexo. “Se a criança estiver com sobrepeso é um sinal de alerta”, adverte Léa.
Tratamento persistente
No caso das crianças, a melhor alternativa para a perda de peso é a união de dois fatores: reeducação alimentar e atividade física. Quanto maior a criança, mais difícil o tratamento, porque os hábitos alimentares inadequados já a acompanham há tempo. A nova dieta não deve ser restritiva nem radical. Não adianta cortar todas as guloseimas e oferecer um prato de salada. “Partimos dos hábitos que elas já têm e diminuímos os excessos gradativamente, enquanto oferecemos alimentos mais saudáveis”, explica a nutricionista.
O apoio da família é fundamental nessa hora, afinal, quem resiste a um pedaço de bolo de chocolate enquanto come uma fatia de pão integral com ricota? Pais, irmãos, avós e babás precisam mostrar à criança que também se alimentam de forma saudável. Deixar de lado o videogame e a TV para ir a um parque, brincar na área de lazer do prédio ou até mesmo participar de atividades nas escolas são fundamentais para a criança, seja ela obesa ou não.
O tratamento exige persistência, isso porque apenas 20% das crianças conseguem atingir o peso adequado. O restante pode ter o que os especialistas chamam de efeito sanfona, ou seja, engordam e emagrecem repetidamente. Portanto, o melhor sempre é prevenir.
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