Um segundo idioma faz a diferença

Wanderson Isac

Com o passar dos anos, o mercado de trabalho tem exigido formação mais completa e um segundo idioma pode ser decisivo na hora da contratação. Inglês, português, mandarim, francês e outras línguas são os maiores alvos dos estudantes que querem se destacar. Mas nem sempre foi assim. Com o tempo, as coisas foram mudando radicalmente. Antes, se alguém quisesse ter um trabalho um pouco melhor, ou até mesmo um salário digno de seu esforço, era necessário ter, no mínimo, o primeiro grau escolar. Mas a realidade não é a mesma. Passou-se a ser cobrado o segundo grau completo. Em seguida, forçaram um curso técnico. Depois, tudo isso já não era tão relevante se não houvesse um curso superior. O mercado de trabalho não está mais se conformando apenas com os profissionais que tem o graduação. Na maioria das entrevistas para vagas de empregos bem pagos é necessário o candidato saber, pelo menos, uma segunda língua.

Quando se fala em aprender um novo idioma é normal que o primeiro a ser mencionado seja o inglês. Muitos brasileiros têm deixado seus lares e amigos na busca de uma formação mais completa, em países que tem o inglês como língua predominante. Estima-se que o número de emigrantes do Brasil esteja entre de 1,5 a 1,8 milhão de pessoas, e a maior parte delas tem em seu destino os Estados Unidos. Entretanto, a história também está mudando: o Brasil está se tornando alvo de imigrações para estrangeiros que querem aprender a língua portuguesa. De acordo com os consulados, o número de espanhóis que estão no Brasil chega em torno de 150 mil, a colônia Alemã registra mais de 35 mil e o número de americanos é de aproximadamente 30 mil. Há, ainda, cerca de 12 mil franceses e três mil canadenses.

Cheryl Bethany  (de óculos) com sua amiga
brasileira. Foto: arquivo pessoal
Os estrangeiros se espalham pelo Brasil, mas onde pode se encontrar a maior diversidade de estrangeiros é no estado de São Paulo. Tanto emigração como imigração são caracterizadas por alguns fatores: a busca por a melhora de vida e conhecimento de culturas diferentes é um deles. O perfil médio é de homens(na maior parte das vezes, estudantes de intercâmbio). Cheryl Bethany Simpson é exemplo disso. Ela é natural de Idaho (EUA). Ela decidiu voltar pela segunda vez ao Brasil em intercâmbio. Cheryl é a terceira de três irmãos e a única que se dedicou aos estudos. A estudante de 19 anos faz o segundo ano do curso de Psicologia na Andrews University. Segundo a futura psicóloga, a escolha do país tem várias razões. A paixão pela língua veio por causa de seus amigos brasileiros, pois os mesmos frequentam uma igreja adventista no College Park, Maryland. Outro motivo que a fez escolher o Brasil foi a música local. Para Cheryl, a língua portuguesa soa com uma canção aos ouvidos. "Eu gosto daqui, todo mundo é gentil comigo, todos me ajudam a aprender o Português. Mesmo que eu fique longe dos meus pais, agradeço a Deus por ter me colocado aqui".

De acordo com Joyce Sarquiz, formada em relações internacionais pela a Universidade de Vila Velha (UVV), Espírito Santo, o motivo dos estrangeiros para estudar no Brasil é, principalmente, a Língua Portuguesa: "considerada uma das mais difíceis de aprender". Mas, segundo Joyce, a procura deve-se também ao destaque que o país vem obtendo nesses últimos anos. A estudante acredita ainda que essa procura pelo português pode ser comparada com a procura pelo idioma mandarim, que muitos acreditam ser o idioma do futuro.

Se o português tem chance ou não de ser a língua do futuro devido a esse desenvolvimento que está acontecendo gradativamente, não é possível dizer ainda. Todavia, é bom lembrar que, no mundo, não só os brasileiros estão se preparando para ter melhor qualificação e acesso mais fácil no mercado de trabalho. 

O americano Joseph Campos-Furber.
Foto: arquivo pessoal
Joseph Campos-Furber e Vanna Giddings são estudantes que estão aprendendo o português. Campos-Furber, de 23 anos, é estudante do segundo ano do curso de Relações Internacionais na Washington Adventist University e um dos muitos estrangeiros que se encontram no Brasil. Quando perguntado sobre seus objetivos, ele argumenta que está no país com o intuito de aprender o português, e, conforme o mesmo, sem sotaque e correto. Ele afirma ainda que não é apenas a linguagem que o faz gostar do Brasil, mas o interesse pela cultura, escrita e coisas como o samba e a dança. Ele acredita que pode entrar em contato com seu lado brasileiro, já que sua mãe é brasileira. é natural de Oregon (EUA) onde trabalha e estuda. Além do segundo ano de Relações Internacionais, faz também o quarto ano do curso de Música na mesma universidade. O estudante lembra que nos EUA eles não precisam necessariamente saber uma segunda língua para poder se destacar e conseguir algo melhor, e não escolheu o português pensando em melhores condições de vida, até porque as línguas mais rentáveis, segundo ele, são o espanhol e o chinês. 

Vanna Giddings é a mais nova dos três estudantes que vieram para o Brasil fazer intercâmbio. Ela tem 16 anos e cursa o terceiro ano do Ensino Médio na Andrews University. Apesar da idade, já sabe e consegue se comunicar facilmente em português, pois há cinco anos saiu de Berrien Springs, Michigan (EUA), sua cidade natal, para visitar sua amiga de infância, que mora no Brasil. Após dois meses, voltou para os Estados Unidos. Cinco anos depois, ela decidiu voltar ao Brasil, não apenas para visitar, mas para estudar o idioma. Vanna acredita que o português lhe será útil nos EUA e pretende aprendê-lo com fluência.

As línguas têm conseguido seu espaço e cada vez mais acrescentado dificuldades na hora de se fazer uma entrevista. Portanto, a busca por esses idiomas tende a crescer e, consequentemente, o mercado ficará mais competitivo ainda. O idioma pode ser considerado peça fundamental na hora do empregador escolher seu futuro funcionário.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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