Fisioterapia e alimentação auxiliam no tratamento contra o Parkinson

A escolha  por alimentos saudáveis pode auxiliar na redução
no aparecimento do Mal de Parkinson.
Foto: Leo Neves
Lavar roupa, cozinhar e cuidar das crianças eram atividades que Zilda Mendonça desempenhava muito bem. Porém, há dez anos, essa realidade mudou. Zilda, mais conhecida como Terezinha, começou a sentir tremor no lado esquerdo do corpo. Preocupada, ela procurou um médico para saber o que estava acontecendo. Na primeira consulta, o médico deu o diagnóstico: Mal de Parkinson. “Tive muita dificuldade em aceitar a doença, me envergonhava até de ir à igreja”, conta.

Com o passar dos anos, os tremores só foram aumentando. Antes, a dona de casa acordava todos os dias, às seis horas da manhã, para arrumar as crianças e levá-las à escola, cuidava do marido e, por fim, desempenhava as funções da casa. Hoje Terezinha sente tremor no corpo todo, toma quatro comprimidos por dia e não consegue mais realizar as tarefas domésticas.

Essa é uma realidade cada vez mais frequente no Brasil. Segundo a Associação Parkinson Brasília, cerca de 200 mil brasileiros sofrem dessa doença que deteriora, aos poucos, o sistema nervoso central, como se a morte de um neurônio acontecesse em uma região do cérebro, e que é mais frequente em pessoas acima de 50 anos de idade.

Causas inexistentes 

Segundo o neurologista Flávio Sallem, as causas da doença de Parkinson são desconhecidas, porém, em alguns casos, se trata de uma predisposição genética. “Cerca de 10% dos casos é genético e há mais de 13 genes envolvidos”, explica.

Apesar das causas não serem conhecidas, Sallem diz que a pessoa deve procurar um médico assim que perceber lentidão nos movimentos de um lado do corpo e que acaba por avançar para o outro lado, perda facial, fala baixa e lenta, tremor e rigidez nas pernas e braços, desequilíbrio e alterações no andado. “Existem também os sintomas não motores, como a insônia, depressão, ansiedade, constipação intestinal, alterações urinárias, perda do olfato e sono intranquilo”, detalha o neurologista.

 Foi por meio de alguns desses sintomas que Terezinha procurou ajuda médica. Hoje, o tremor que havia começado no lado esquerdo se espalhou por todo o corpo. Ela treme bastante, mas não teve paralisia parcial ou mesmo constipação intestinal. O maior problema foi na hora de dormir. “Se eu não tomar o remédio não consigo dormir”, conta a dona de casa que convive com a doença há dez anos.

No entanto, de acordo com o neurologista Leandro Teles, alguns sintomas de outras doenças podem aparentar o Mal de Parkinson, mas na verdade, não é. “Essa semelhança chamamos de parkinsonismo secundário, decorrente de outra doença conhecida. A somatória de pequenos derrames (Parkinson Vascular), trauma craniano repetido (Parkinson Pugilístico) e efeito colateral de medicamentos, são alguns exemplos de doenças que podem simular o Mal de Parkinson”, esclarece.

Por existir sintomas semelhantes com outras doenças, Teles recomenda que o paciente, quando for consultar, conte tudo o que sente ao médico, já que não há exame específico para o Parkinson. “O diagnóstico não é definido com coleta de sangue e nem mesmo com tomografia ou ressonância de crânio. O diagnóstico é firmado após entrevista com um médico neurologista e mediante um minucioso exame neurológico”, revela. Os exames auxiliares visam mais afastar outras causas do que confirmar a suspeita”, afirma o neurologista.

Ter a Parkinson não é o fim

Apesar de não ter cura, os problemas que a Doença de Parkinson traz podem ser amenizados com tratamentos. A fisioterapeuta Débora Máximo atende a domicílio pacientes geriátricos com dificuldade de locomoção, entre eles, os parkinsonianos. Para ela, a fisioterapia auxilia no tratamento contra a doença, pois procedimentos feitos nas sessões tendem a retardar os sintomas do Mal de Parkinson. “Quanto antes for iniciado o acompanhamento fisioterápico, mais cedo consegue-se ter o resultado com o paciente, pois mantém a mobilidade e evita contraturas nas articulações”, explica Débora.

Por haver perda de equilíbrio e tremores, nas sessões, são feitos alongamentos, exercícios de fortalecimentos, treinos de equilíbrio e de marcha para manter o paciente mais tempo possível exercendo as funções que desempenha no dia a dia. A fisioterapeuta recomenda que as sessões aconteçam pelo menos duas vezes por semana. A partir disso, o fisioterapeuta pode dar orientações ao paciente ou familiar para que, nos dias de intervalo, ele possa fazer movimentações em casa.

De acordo com Débora, realizar o tratamento fisioterapêutico é benefício do paciente, pois o procedimento permite que ele tenha uma vida mais equilibrada. Já quanto ao tempo de tratamento, a fisioterapeuta diz que depende da evolução das sessões do paciente, apesar de que, para Débora, o ideal é fazê-lo durante a vida toda. “Não há um tempo específico para cada paciente, varia do grau de evolução da doença. Constatado o Mal de Parkinson, iniciado a fisioterapia, esta deve ser mantida”, aconselha.

Além do auxílio da fisioterapia, segundo Teles, o paciente pode contar com os remédios que não irão curá-lo, mas poderão amenizar o problema. Para isso, o parkinsoniano deve procurar o médico para ajustar o medicamento conforme preciso, mas que se for aliado ao tratamento fisioterápico terá maiores resultados. “A grande maioria dos pacientes responde muito bem ao tratamento nos primeiros anos, após o diagnóstico. Com o tempo, a resposta pode decair e ajustes mais frequentes das medicações são necessários”, esclarece o neurologista.

 Resultados reais

A fisioterapeuta conta que trata de uma paciente com Mal de Parkinson há seis anos. A fisioterapeuta vai até a casa da senhora de 90 anos duas vezes por semana e a melhora é percebida. “Com o tratamento, a doença evoluiu muito lentamente, devido ao acompanhamento fisioterápico. Encontra-se acamada, mas com todas as articulações livres, sem contraturas, nem dores. O resultado tem sido muito satisfatório”, relata Débora.

Além da fisioterapia, o paciente pode obter bons resultados através da alimentação. A nutricionista Michelle Fernandes afirma que o consumo de alimentos de origem animal contribui para o aumento do risco de Parkinson. Segundo ela, esse aumento acontece porque a carne vermelha é a maior fonte de um aminoácido chamado metionina, o que não é bom. “A associação do aumento desse aminoácido com a gravidade das doenças neurológicas tem sido demonstrada em vários estudos, pelo fato da homocisteína ser neurotóxica, causando uma atrofia cerebral. Logo, a escolha por alimentos saudáveis pode auxiliar na redução no aparecimento do Mal de Parkinson”, informa a nutricionista.

Porém, parkinsoniano enfrenta muitas dificuldades alimentares. Michelle diz que devido aos tremores, o paciente tem dificuldade em manusear o talher e levar o alimento à boca, isso sem contar com outros problemas como o uso de medicamentos que pode causar boca seca e constipação intestinal.

Para amenizar esses e outros problemas, Michelle ensina algumas estratégias para que a doença não atrapalhe a alimentação do paciente. “Tomar líquidos com canudo, caso os tremores estejam muito fortes; priorizar alimentos de consistência branda, por facilitarem a deglutição; aderir a uma dieta rica em fibras contendo cereais integrais, hortaliças, frutas frescas e secas, devido à terapia medicamentosa que pode ocasionar constipação, são métodos indicados”, aconselha.

 “A nutrição tem papel imprescindível no perfeito funcionamento do sistema nervoso central e na prevenção ou tratamento de doenças neurológicas”, assegura Michelle. Com o auxílio da fisioterapia e seguindo uma alimentação mais saudável, o parkinsoniano pode viver com qualidade, sem se sentir debilitado pela doença.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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