Estudantes universitários investem em sistema de "lucro fácil"

Por Mayra Silva

Nos últimos meses, a internet vem sendo invadida por anúncios de empresas que prometem lucro fácil para quem quer ganhar dinheiro sem sair de casa. Inúmeras pessoas, entre elas estudantes universitários, estão inseridas nesses sistemas. Esse é o caso de Thaís Gonçalves. A universitária realiza várias atividades acadêmicas durante o dia e se dedica ao seu curso à noite. Além disso, cumpre horas de trabalho em sua faculdade, em troca de descontos em suas mensalidades. Com todas essas tarefas, fica impossível ter tempo para um emprego remunerado. 
Investidores devem ficar atentos antes 
de ingressarem em empresas que prometem dinheiro fácil
Foto: Amanda Flores

Por esse motivo, Thaís se inseriu num sistema de uma empresa, na qual ela só precisa fazer anúncios na internet diariamente para ganhar dinheiro. Com isso, a estudante diz ter encontrado uma forma fácil de gerar lucro, já que seu objetivo é juntar uma “grana extra” para fazer intercâmbio. "Como eu não tenho tempo para trabalhar fora da instituição e a internet é um meio acessível no ambiente, esse foi o método que encontrei para ganhar dinheiro", explica. 

Por ter investido um valor alto para entrar nesse sistema, Thaís acredita que há uma parcela maior de responsabilidade por parte do ingressante. "Acho que esse sistema é uma faca de dois gumes: você está ganhando seu dinheiro, mas com certeza os mais antigos nesse ramo ganham mais do que você", pressupõe. Contudo, Thaís trabalha há aproximadamente quatro meses e não teve problemas com o recebimento do dinheiro que a empresa prometeu depositar em sua conta bancária. 

Já o estudante universitário Adamo Oliveira fez parte de um sistema empresarial que, segundo ele, a ideia era fazer com que os "associados" assistissem propagandas da empresa em troca de benefícios. "Se o ingressante assistisse uma quantidade determinada de propagandas por semana, a empresa pagaria certo valor por cada conteúdo assistido", descreve. Oliveira diz que, para participar desse sistema, ele também tinha que dar um valor em dinheiro para a empresa. Fazendo isso, o estudante receberia o dinheiro prometido. 

Ele pagou a quantia estipulada, porém como ingressou no período próximo às suas férias, Oliveira acabou não pegando o pagamento. Como a empresa ficava na cidade onde estuda, ele só poderia ir atrás do dinheiro prometido quando retornasse para o período de aulas. Porém, quando o estudante foi em busca do seu pagamento com o suposto representante da empresa, ele não o recebeu. "Quando eu cheguei de férias, fiquei sabendo que a Receita Federal estava fiscalizando a empresa e o representante que fornecia o dinheiro para a nossa região foi preso", lamenta. Oliveira conseguiu recuperar apenas R$ 900 dos R$ 2.750 que ele havia investido. 

Cuidado com as fraudes

Para as pessoas que pretendem ingressar nesses sistemas de geração de dinheiro fácil, a advogada Maria de Lourdes Pereira, doutora especialista em direito empresarial, aconselha a pesquisar sobre a empresa e seus divulgadores que oferecem o negócio. "Antes de a pessoa entrar no sistema, ela tem que saber de onde a empresa vem, quem criou o sistema, no nome de quem está a conta, além de obter informações por meio do banco onde ela realiza os depósitos", orienta. 

Um boletim divulgado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também orienta os consumidores a não serem vítimas de fraudes. O documento destaca a importância de os consumidores protegerem suas informações pessoais, o que inclui as senhas de serviços. Além disso, o documento também frisa que a pessoa deve desconfiar de promessas de retornos elevados com baixo risco. O boletim está disponível na íntegra no site da CVM (http://migre.me/dN3Hi). Se o consumidor encontrar ou suspeitar de irregularidades, ele deve procurar o Procon do seu Estado.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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