O preço da
alimentação é uma das maiores dificuldades das pessoas que optaram por viver em
cidades menores. Pequenos comércios, especialmente mini-mercados, aproveitam-se
da falta de concorrência para aumentar de forma abusiva os preços, explorando
os consumidores locais. Um desses casos atinge diretamente os moradores da
região onde está localizado o campus do Centro Universitário Adventista de São
Paulo (Unasp), em Engenheiro Coelho.
Num raio de aproximadamente três
quilômetros, apenas uma mercearia vende produtos de alimentação para uma
população em torno de cinco mil pessoas.
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| Segundo economista, preço elevado no interior tem a ver com localização. Foto: Creative Commons. |
Em
comparação com supermercados de cidades próximas, como Mogi Mirim e Limeira, a
diferença de preço praticada foi notável. Produtos de limpeza, por exemplo: sabão
em pó 1 kg de marcas similares, na mercearia da região do Unasp custa R$ 5,39.
Já no supermercado “Lava Pés” o valor é de R$ 4,88. Ainda fazendo a comparação
com as mesmas redes, na área de produtos utilizados em cestas básicas a
diferença também é grande. O feijão de 1kg de marcas idênticas, na mercearia custa
R$ 7,89, enquanto em Mogi Mirim o preço é
de R$ 4,98.
As
diferenças permanecem altas comparando outros produtos. O quilo da cebola em Mogi Mirim tem variação
de preço entre R$ 0,79 a R$ 1,99. O mesmo também ocorre com o quilo da coxa de
frango. Na região do Unasp pode ser encontrado por R$ 9,98, enquanto no “Lava
Pés” o quilo é vendido por R$ 6,59. O filé de peito na mercearia sai por R$ 14,39.
Já em supermercados de Mogi custa praticamente a metade do preço: R$ 7,49.
“O
motivo para essa variação pode ser parcialmente justificado pela localização
afastada de médios ou grandes centros em que nossa comunidade se desenvolveu. Isto
afeta a distribuição e logística de produtos, o que ocasionalmente pode encarecer
certas mercadorias”, justifica o economista Guilherme Mative.
O economista, que reside na região do Unasp, deu mais algumas dicas ao consumidor na hora da compra. “O que claramente notamos em nossa comunidade é um mercado aquecido e com poder de compra (demanda) em um cenário com pouca concorrência comercial (oferta), ou seja, a demanda engolindo a oferta. Nestes casos o preço tende a subir”, esclarece Guilherme.
É claro que a mercearia “Lagoa Bonita” também oferece preços nos quais o consumidor não tem razão nenhuma para reclamar. Geralmente esses produtos são de maior procura dos estudantes – levando em conta que esse é o maior publico alvo que o comércio busca atingir. Produtos como os de beleza e higiene, ou mesmo chocolates, salgadinhos e refrigerantes, tem média de preços aceitável.
O revendedor e distribuidor de leites e produtos “Shefa”, Caio Henrique, sai em defesa dos micromercados como o “Lagoa Bonita”. “Os altos preços também podem ser explicados pelo maior ou menor número de estoque que o mercado possuiu. Distribuo os produtos “Shefa” em muitos mercados de grande porte com quantidade de estoque inigualável, que jamais a mercearia alcançará”, defendeu o revendedor.
O economista lembrou que o principal fator de alta nos preços é o desequilíbrio entre oferta e procura. “Em termos mais práticos, o que temos é muita gente comprando, para poucos locais vendendo. Como não temos opções, compramos e pagamos o preço exigido, ainda que de modo abusivo”, terminou Mative.
Por Vinícius Serain


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