Fazer o Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) não é uma tarefa das mais fáceis mesmo quando se tem um vasto conteúdo a
ser estudado. Agora, mergulhar em um tema do qual não existem bibliografias
específicas para o assunto escolhido, pede um pouco mais de responsabilidade.
Essa foi a vontade dos alunos Bruno Younes e Érika Preissel, formandos do curso
de licenciatura em História do Centro Universitário Adventista de São Paulo
(Unasp), campus de Engenheiro Coelho. Eles tiveram embasamento bibliográfico,
mas resolveram dar uma abordagem diferenciada ao tema. Os dois se aventuraram
em um assunto pouco difundido por escritores e escolheram a pauta “Catolicismo
Negro no Brasil colonial” para encerrarem a graduação.
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Santos negros foram criados para atrair escravos ao catolicismo. Foto: Arquivo pessoal. |
A disciplina “Brasil Colonial” foi o
incentivo para o aprofundamento do tema. A partir de então, os alunos buscaram
referências e especificaram o assunto com o objetivo de se aprofundar na
questão da participação do negro na religião. A
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Mariana, Minas Gerais, foi o
foco do estudo. Os brancos queriam que os negros, à época escravos, se sentissem
como parte da sociedade, mas sem perder a cultura, e, por isso, utilizavam de
alguns métodos para atraí-los. Para
isso, alguns santos negros foram criados para incentivá-los na participação da
religião e, com o fervor demonstrado, os brancos também se interessaram pelo
catolicismo.
O estudo levou 14 meses
para ser concluído. O fato de não encontrarem a bibliografia específica para o
tema deixou os alunos com receio, mas a visita à cidade de Mariana conseguiu
esclarecer dúvidas e dar a certeza de que estavam tendo a abordagem correta.
Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural, a orientadora do TCC, Janaina Xavier, instruiu os dois
alunos no aprofundamento do assunto. Ela afirma que a pesquisa fez uma
contribuição para a revisão da história do negro no Brasil. “A pesquisa
realizada traz uma temática atual, pertinente e que colabora para uma nova
historiografia brasileira, mais inclusiva e de acordo com a realidade,
dando voz para os diferentes atores dessa história, sem privilegiar nenhum
grupo em específico”, valoriza Janaina.
Na apresentação do trabalho final, a banca,
formada por professores do curso, elogiou o estudo, a forma como foi escrito e
o embasamento dado. Pela sugestão dos avaliadores, o material será publicado
pela Imprensa Universitária adventista (Unaspress).
Por Karine Dias
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