O estilo musical rock é o fenômeno cultural mais popular da segunda metade do século vinte. E também uma ferramenta influente na propagação de valores sociais e críticos da nossa sociedade. Analistas sociais concordam que a música rock tem contribuído para a formação do pensamento e estilo de vida da atual geração.
Comportamento social é afetado pelo estilo Rock. Foto: Léo Neves |
Surgindo a partir do blues dos negros americanos, em pouco tempo, o rock se espalhou pelo mundo como música e estética características da rebeldia que logo se incorporou à expansão da indústria fonográfica. Para o Sociólogo William Schafer, a natureza revolucionária da música rock é um fator determinante para a sociedade atual: “O rock tem atuado como um catalisador, uma força unindo e ampliando ideias e sentimentos. Ele é um meio, uma forma de comunicar emoções”, analisa.
A imagem de rebeldia associada ao rock não é gratuita. Quando o estilo despontou, no início da década de 50, o mundo se deparava com a alegria do final da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coréia. As pessoas queriam comemorar. Nos Estados Unidos, nação que despontava como grande potência mundial, o envolvimento foi mais amplo.
Com o passar do tempo o rock começou a incorporar atitude mais “anarquista” e ir contra as decisões arbitrárias que o Estado tomava, e também contra o materialismo dos anos 50.
Para salvar o mundo?
O discurso “Socialmente Correto” começou a fazer parte das músicas rock. Na metade da década de 80 grandes bandas se reuniram para um dos principais e ideológicos eventos que já ocorreram na história da música. O “Live AID” que teve como objetivo arrecadar fundos em prol dos famintos da Etiópia. O festival conseguiu arrecadar mais de 4 milhões de reais.
Hoje festivais como o Rock in Rio e SWU, ambos acontecem no Brasil, tem como justificativa a função de levar as pessoas a terem mais consciência com relação a causas ambientais. No entanto, índices mostram que há mais lixo produzido nesses eventos do que medidas para a conscientização.
Segundo a Companhia de Limpeza Urbana da cidade do Rio de Janeiro (Comlurb), somente no primeiro dia de evento o Rock in rio produziu 23 toneladas de lixo que foram recolhidas no local do evento.
Outra controversa situação foi à utilização de geradores a diesel, que polui mais do que o biodiesel, fazendo com que a poluição seja 70% maior. As medidas usadas para provocar a conscientização das pessoas foram mínimas. Em todo o evento apenas um stand do “Rock in Rio” foi usado para oferecer palestras e brincadeiras onde ensinam formas sustentáveis de viver. A organização do Rock in Rio também fez um projeto tímido para construção de painéis solares em escolas. A proposta era que 100 painéis fossem construídos, apenas 20 foram entregues.
Por sua vez, o SWU promete fazer um Festival 100% sustentável nesta edição. A organização do evento possui, entre outras medidas, a proposta de fazer com que toda a emissão de carbono seja revestida na plantações de árvores.
Em paralelo à proliferação de “shows sustentáveis” - que continuam a todo vapor tanto que no mês de setembro foi anunciado um espetáculo em prol das vítimas do terremoto no Japão - surgiu um novo modelo de artista que abraça uma causa. É aquele que, ao invés de focar na arrecadação de dinheiro, busca a pressão política.
Um dos pioneiros desse segundo momento, que teve seu auge nos anos 80, é o roqueiro Sting. Quando ainda era integrante do grupo The Police, em 1988, veio ao Brasil junto com o cineasta belga Jean Pierre Dutilleux. O diretor havia produzido um documentário sobre a tribo caiapó e levou o roqueiro ao Xingu, no estado de Mato Grosso. Sting conheceu o cacique Raoni, ficou sensibilizado com o que viu e resolveu criar a Rainforest Foundation. Que tinha como objetivo persuadir governos e autoridades para demarcar terras indígenas ao redor do mundo.
Em algumas de suas viagens por diferentes países, Sting levou Raoni para o acompanhar. O fundador do projeto, no entanto, acabou por abandoná-lo. Recentemente, Sting, esteve no Brasil para protestar contra a construção da usina de Belo Monte, que deve alagar várias terras indígenas.
Para o Sociólogo Delmar Reis o estilo rock representa mais que simples música, envolve atitude e a procura por mudança. “O rock tem sido um catalisador de atitudes positivas e também negativas, porém acredito que existe uma forma que somente a juventude tem o poder de fazer mudar a consciência das pessoas e despertá-las para assuntos mais sérios”, afirma.
9 de novembro de 2011 às 15:24
SWU não é um festival pela sustentabilidade? Então pra que tanta luz e parafernália? Coloca uma estrutura uma boa estrutura de som, o que mais importa em um show. “movimento para o desenvolvimento sustentável”. Até o BNDES, o DEM se apropriaram do termo