Música influencia na concentração de estudantes




A música deve estar em plano de fundo
na hora do estudo. Foto: Brenda Ramos
Por: Isadora Stenzler


Foco. Depois da volta às aulas, a busca por esse elemento chave na hora dos estudos tem sido crucial para quem visa boas notas. O local mais apropriado, a companhia, a divisão das matérias, o tempo, tudo isso conta na hora de encarar o que se precisa aprender. Porém, alguns estudantes têm buscado formas alternativas de prestar atenção aos conteúdos, como a concentração através da música.

Com fones de ouvido, Rodrigo Souza da Silva, 20 anos, estuda as matérias de engenharia ao som de samba. “A música faz com que eu fique mais concentrado no estudo”, explica. O acadêmico do segundo ano de engenharia civil do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho, conta que adotou o método desde o ensino médio por influência de um amigo. E desde então, a música para ele passou a funcionar como um meio de relaxamento. “Às vezes eu estou muito tenso e, quando começo a estudar, logo me distraio. Mas quando ouço uma música eu relaxo, penso melhor e presto mais atenção no assunto. Por isso eu acho que a música ajuda sim”, opina.

Assim como Rodrigo, Renê da Silva, 25 anos, e Roger Oliveto, de 18 anos, também acreditam que a música os relaxe na hora de estudar. A diferença é que, enquanto Renê e Rodrigo dão preferência por músicas tranquilas e que mantenham o tom, Roger só se concentra com aquelas que tenham um ritmo mais ‘pesado’. “Eu acho que o silencio cansa muito. Então escuto músicas em inglês que não sejam muito calmas”, explica.

Quem discorda do método compara a música com ruídos. É o caso de Gracieli Locatelli Dias de 18 anos. Ela estuda na mesma turma de Rodrigo e diz que a música atrapalha sua concentração. “Eu percebo que não consigo pensar tão bem com música quanto se eu ficasse em um silêncio total”, relata. “Se conheço a letra, começo a cantar junto e aí me desconcentro, perdendo o foco no que estava estudando”, conclui Gracieli. Ana Paula Ramos, de 17 anos, pensa da mesma maneira. “Como eu tenho que ler muito, a música acaba me atrapalhando na hora da leitura”, afirma.

Influência comprovada

Certo ou errado, o professor Jetro Meira de Oliveira, doutor em Artes Musicais pela University of Illinois (EUA), destaca que esta é uma questão individual. “Tradicionalmente falando, é melhor ter silêncio para você se concentrar melhor. Mas já na segunda década do século XXI, vemos que existem algumas mentes que funcionam bem com som”, revela.

Conforme o professor, por se tratar de uma questão de opinião própria, é difícil traçar um padrão. “Depende muito da música, do que você esta fazendo, e também da pessoa.” Mas a ressalva é que a música deva ser apenas um plano de fundo. “Ela precisa ser secundária na sua atividade cerebral. E isso inclui o ritmo e o volume do som, já que se o volume for muito alto é impossível que fique em segundo plano”. Assim, sons mais pesados como rock, pop e os eletrônicos não são recomendados, pois oscilam muito, podendo desconcentrar o aluno no momento da análise de conteúdos.

A música, porém, pode ser empregada no estudo de outras maneiras mais eficazes. Como explica o professor Jetro, uma deles é através do método mnemônico. Ele afirma que o estilo consiste em parodiar músicas conhecidas, permitindo ao estudante introduzir conceitos importantes no ritmo e através da memória musical, decorando aquilo que considera difícil.

“Mas em linhas gerais, a tendência é que a música sirva para distração”, lembra Jetro. “Só não discordo da possibilidade dela ser usada como uma ferramenta mnemônica.” Assim, o estudante que optar por estudar com música deve analisar o que é relevante para ele, apenas lembrando que se tratando de concentração, a alimentação, o ambiente e o tempo dedicado à tarefa, também são cruciais para o êxito na aprendizagem.
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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