Polêmica dos testes em animais volta à tona no Brasil

A prática de testes laboratoriais em animais domésticos e silvestres sempre foi um assunto polêmico. Roedores, cachorros e diversos outras bichos são usados como cobaias de vacinas e cosméticos despertando o furor de ativistas e defensores dos direitos animais. O caso mais recente que chamou a atenção da opinião pública foi da invasão das dependências do Instituto Royal, localizado em São Roque, interior de São Paulo, por um grupo de cerca de 200 manifestantes e ativistas. Na ocasião, foram roubados mais de 200 cães da raça beagle e um montante de coelhos. Em reação, o instituto anunciou que irá processar os ativistas por furto de animais.

Instituto Royal utilizava cães da raça beagle por serem de
médio porte. Foto: Creative Commons.
Para a organização Portal do Dog, a ação dos ativistas foi motivada pelo boato de que o Instituto tinha a intenção de sacrificar os animais que já haviam sido usados em testes. De acordo com a ONG, a empresa pratica maus tratos com os animais além de não permitir a visitação de suas instalações e não ser transparente em seus dados. O Instituto tem apoio do governo e faz testes em cães da raça beagle por serem de médio porte e considerados uma raça pura, ou seja, sem variações genéticas, o que torna os resultados mais exatos.

O diretor do Instituto Royal, João Antônio Pegas Henriques, em entrevista concedida na sexta feira, dia 18, anunciou que acionará a polícia para recuperar os cães roubados e doará os animais. Segundo ele, os beagles estavam com antibióticos no organismo e, portanto, não é mais possível utilizá-los em novos testes.

Alguns dias após a ação, a polícia abriu uma investigação das ações do Instituto Royal. O caso foi amplamente divulgado nas redes sociais. Algumas horas após a invasão das dependências do instituto, uma página foi criada para localizar possíveis pessoas dispostas a adotar os cães roubados. No entanto, uma semana depois do caso, dois beagles foram encontrados vagando pelas ruas de São Roque.

Alguns ativistas acusaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de ser conivente com os possíveis maus tratos praticados pelos funcionários do Instituto Royal. A agência se defendeu emitindo uma nota afirmando que não mantinha nenhuma relação com o instituto. 

Na sexta-feira (25), a Prefeitura de São Roque suspendeu o alvará de funcionamento do Instituto por 60 dias depois de receber documentos da comissão dos deputados federais apontando maus tratos.

Segundo a lei 11.794, o uso de animais em testes de laboratórios, tanto para medicamentos como para cosméticos é permitido no Brasil. No entanto, a Anvisa tem a responsabilidade de fiscalizar o modo como esses animais são tratados e testados. Na União Europeia, todos os tipos de testes em animais foram proibidos em 2009, inclusive o uso de animais de grande porte, como símios. Em Israel também não é permitido testes em animais desde o ano passado. 

Por Douglas Pessoa
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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