Aluguel no Universitários tem mesmo valor que no centro paulistano

A elevação do preço de imóveis em determinados bairros é uma tendência comum nas cidades brasileiras. Instalação de hospitais, shoppings, universidades e supermercados são os motivadores para que casas e apartamentos passem a valer mais. Um exemplo disso é o bairro Itaquera, na zona leste de São Paulo. No local está sendo construído uma das maiores arenas de futebol do Brasil para a Copa do Mundo Fifa 2014. Segundo moradores da área, um apartamento de dois quartos era vendido, antes do início das obras do estádio, por no máximo R$ 80 mil. Hoje, vendas na mesma localidade não são feitas por menos de R$ 200 mil. 

Imagem Creative Commons.
Especulação imobiliária é o nome dado à prática de se adquirir um imóvel em um determinado bairro com objetivo de vendê-lo, depois de um determinado tempo, com o preço mais elevado. Segundo o arquiteto Renato Saboya a especulação imobiliária se torna um grave problema para as cidades por gerar desarmonia no tecido urbano. “Os bairros mais ‘especulados’ se tornam mais urbanizados que os outros, fazendo com que a cidade tenha áreas bem estruturadas e outras sem nem saneamento básico”, afirma. “O próprio governo cai na tendência de cuidar mais dos bairros que tem intensa especulação imobiliária.”

No entanto, esse não é o caso do bairro Cidade Universitária, em Engenheiro Coelho. O local tem a maior especulação imobiliária do município por se localizar ao lado do único campus universitário da cidade, o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Todos os anos vários estudantes chegam ao bairro, e aos condomínios próximos a ele, à procura de residências para morar no período letivo. Com o passar dos anos, a fama de ser um bairro tranquilo e bem próximo ao Unasp chamou a atenção de especuladores imobiliários. 

De acordo com um aluno que mora no Universitário (como o bairro é comumente conhecido), o valor cobrado em um aluguel de uma kit net ou edícula não custa menos que R$ 400. O mesmo valor que um estudante de São Paulo paga por uma residência próxima à Universidade Mackenzie, a poucas quadras de uma estação do metrô, por exemplo. Preço com o qual é também é possível pagar, dividindo espaço com mais duas pessoas, um apartamento de dois quartos na rua Consolação – que fica no centro de São Paulo e próximo à avenida Paulista.

Segundo a estudante de jornalismo do Unasp Karine Dias, que mora no bairro Universitário e paga R$ 380 pelo aluguel, é muito difícil encontrar locais para morar que sejam abaixo desse preço. “O meu apartamento é o mais barato que tem por aqui. Mas os valores geralmente estão na faixa dos R$ 450”, comenta.

Os abusos nos preços não se restringem apenas ao bairro Universitário. Nos três condomínios que circundam o campus do Unasp, os abusos nos preços continuam. No condomínio mais antigo da cidade, o Lagoa Bonita, onde habita boa parte da classe alta de Engenheiro Coelho, só é possível morar em uma edícula quem desembolsa mensalmente algo em torno de R$ 400. O condomínio atrai alguns alunos pela proximidade com o Centro Universitário. 

Para o aluno Rodolfo Sousa, morar no Universitário é vantajoso, já que ele consegue pagar alimentação, internet e residência mobiliada com cerca de R$ 400.  No entanto, Sousa denuncia que o mesmo valor é cobrado no condomínio fechado, numa taxa que não garante as mesmas vantagens. “Parece que no Lagoa eles querem cobrar pelo status de morar lá dentro. Enquanto o que eu pago cobre quase todas as minhas despesas, lá é cobrado em torno de R$ 470 só com energia e água.” 

Por Douglas Pessoa
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Sobre a ABJ

A ABJ é a agência júnior de jornalismo do curso de Comunicação Social do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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